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Cultura

Foto: Divulgação

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No dia dois de fevereiro no Parque Cesamar a partir das 14 horas em Palmas o grupo intitulado Crespas.TO fará um encontro para dialogar e discutir sobre cuidados com cabelos crespos e cacheados. O movimento de autoafirmação já tem várias adeptas no Estado e faz parte de uma tendência nacional de valorização do cabelo crespo.

No encontro batizado como Encrespa TO as participantes vão compartilhar dicas de penteados, de amarração de turbantes e lenços além de compartilhar vivências. Várias simpatizantes podem participar e inclusive profissionais de beleza. São esperadas também caravanas de alguns municípios para participar do encontro.

Segundo explicou a idealizadora do grupo, jornalista Maria José Cotrim, a intenção é juntar um grupo que se identifica com a causa e compartilhar vivências e dicas sobre cabelos crespos. “Não se trata de algo somente estético, de usar ou não cabelo crespo. É uma construção da identidade étnico-racial de cada mulher através dessa escolha que parece ser algo tão simples mas infelizmente ainda é muito hostilizada em nossa sociedade”, frisou.

Outro ponto abordado e que o grupo visa combater é a questão do preconceito. “Desde a infância somos vítimas de uma sociedade que exige um padrão eurocêntrico e que dita como você deve usar seu cabelo. O cabelo crespo ainda enfrenta muita resistência na sociedade. Enquanto para uns é visto como algo fashion ou radical para outros sobram piadas de mal gosto. Recentemente temos muito casos em que donos de empresas e até escolas exigiram que as pessoas mudassem o cabelo o que mostra que ainda não somos livres para fazer essa escolha”, explicou.

A jornalista abordou ainda a resistência que maioria dos salões de beleza do Tocantins tem com relação aos cabelos crespos. “Muitos não respeitam sua opção e vão logo tentando te convencer a fazer escova disso ou daquilo. Falta conhecimento, preparo e boa vontade dos profissionais para atender quem quer cuidar dos cabelos crespos”, apontou.

Outra integrante do grupo e responsável por uma das oficinas do evento, a jornalista Maria Antônia Perdigão chamou atenção para a liberdade que cada uma deve ter para adotar seu estilo. “Acredito que o modo como usamos os nossos cabelos é uma forma de comunicarmos com o mundo, de mostrarmos a nossa identidade, valorizarmos nossa beleza, nossa cultura e acima de tudo, de sermos livres. O Encrespa é uma ferramenta que encontramos para incentivar meninas e mulheres a se libertarem dos vícios da sociedade de que o cabelo crespo é “ruim” e de que precisamos de inúmeras formas para alisá-lo e assim,seguirmos um determinado padrão. Queremos mostrar que os cabelos crespos e cacheados são bonitos, que não nos dão trabalho, que também são práticos e nos proporcionam uma liberdade sem fim além de deixarmos lindas”, reafirmou.

No Tocantins o movimento se estendeu através da página do grupo no Facebook onde são compartilhadas várias dicas e inclusive fotos e registros sobre a temática. O Crespas.TO é composto ainda por Nayara Rodrigues e Flavia Quirino.

Nesse primeiro encontro a perspectiva é reunir dezenas de pessoas como a assistente jurídica e blogueira, Daianne Luiza Biazzoto. “Pretendo sim participar e acho importante esse movimento de autoafirmação porque devemos nos amar como somos, pois cabelos crespos não é questão de estilo ou moda mas sim de identidade de amor pelas nossas raízes, não está só em nossas cabeças mas em nosso sangue em nossa história”, contou. Daianne, que é parceira das Crespas.TO,  tem um blog especializado onde faz tutoriais e dá várias dicas sobre o assunto.

Pontapé

O encontro será o pontapé inicial do grupo para a realização de oficinas em alguns municípios sobre vários aspectos com relação ao cabelo crespo. O público alvo será adolescentes e jovens que também fizeram a opção pelo cabelo natural. Junto com as oficinas de amarração de turbantes, maquiagem e técnicas para cabelos crespos a programação terá também palestras. O primeiro município que deve receber o projeto é Paranã, no Sudeste no Estado.

Encrespa geral

O Encrespa já aconteceu em vários estados do Brasil e teve como idealizadora Eliane Serafim. "Imagina, se você não pode escolher o jeito de usar o cabelo que nasce na sua cabeça, o que mais se pode fazer? Então a natureza é errada? É simples, né? Porque as pessoas não podem enxergar com simplicidade? É por isso que a gente precisa se reunir. Porque a normalidade é passada a partir do momento em que aparecemos juntas mais vezes. Afinal, normal não é o que se vê todo dia? Esse sentimento de normalidade precisa ser assimilado. A gente não é fashion, ninguém escolhe o tipo de cabelo quando nasce, somos pessoas normais, querendo ser respeitados por nossas escolhas, que simplesmente se resume em sermos do jeito que fomos feitas”, defende.