Não é atoa que no primeiro dia do Mutum 2015 a cultura e musicalidade dos povos indígenas do Tocantins serão o destaque. O pássaro que dá nome à mostra aparece em várias cosmologias de seus mitos, principalmente para os Timbira, narrado como o pássaro do fogo e da toca da onça. Na sexta (10/07) o dia começa com uma cantoria entoada por gerações de cantadores Apinajé, Kraô, Xerente, Javaé e Karajá, que às 18h encontram-se novamente palco montado na Praça Joaquim Maracaípe para um momento inédito, dedicado à celebração da riqueza musical de séculos de histórias.
No Mutum, foliões, cancioneiros e cantadores indígenas encontram-se com o jazz, o choro, o blues, o forró e o samba, e inúmeros outros gêneros musicais. As cachoeiras, trilhas dos vales de Taquaruçu é a território onde essa intensa experiência cultural acontecerá. Além do Encontro de Cantadores Indígenas, outros dois momentos inéditos são destaque do Mutum 2015: 1° Encontro de Tamboreiros do Tocantins e o Encontro de Violeiros de Buriti do Jalapão.
Os destaques do evento ficam por conta de dois cancioneiros populares: Juraildes da Cruz e Xangai além de representantes da primeira linha da nova música instrumental brasileira, como o duo Felix Júnior e Gabriel Grossi e guitarrista Paulio Celé e Grupo. Jeferson Leite e Trio Gavião juntamente com o sanfoneiro Paraíba dos 8 Baixos, prata de Taquaruçu, coroam a programação com a musicalidade nordestina. Diversificando o sotaque, Duo Negroide (GO), Leandro Medina (MG), Tambores do Tocantins (TO) e Deuller Andrade (MG) completam a cena.
A música instrumental tocantinense estará representada por grupos como Três Matutos e um Arigó, Grupo Palmas, entre outros. Já nossa cultura popular e tradicional terá um panorama montado a partir das apresentações dos Foliões de Barra da Aroeira e Monte do Carmo, Grupo Mãe Ana e Catireiros de Natividade, Violeiros de Buriti da comunidade do Mumbuca, além dos Tambores do Tocantins.
E é no Mutum também que violeiros da região do Jalapão trazem toda sua cultura. Além do espetáculo musical, eles também vão nos ensinar a construir a Viola de Buriti, instrumento tão característico do nosso Estado. Os artistas vem de diversas comunidades quilombolas do Jalapão: da comunidade Mumbuca, da comunidade Barra do Aroeira, e das comunidades de Santa Teresa e Lagoa.
O projeto é realizado pela DB Produções Musicais, pela ONG Casa da Árvore e pelo Ministério da Cultura, em parceria com o Itaú Cultural, que o selecionou por meio do programa Rumos, e apoio da Casa do Artesão de Taquaruçu, Agência Municipal de Turismo, Jubalina Produções e Sebrae.
Formação: Oficinas, workshops e vivencias culturais
A programação do Mutum 2015 conta ainda com uma série de oficinas, workshops e vivências culturais. Os oficinas de formação deram inicio as atividades do Mutum a partir do mês de Junho.
Entre os dias 15 e 26 de junho foi realizada a Oficina de Audiovisual, ministrada por Esdras Campos, que atua na área de produção audiovisual e fonográfica a cerca de vinte anos. O objetivo principal da Oficina foi capacitar os participantes para a produção e gravação de um DVD Musical durante o Mutum. Aspectos totalmente diversos como a fotografia, o vídeo e o áudio, fizeram parte dos conceitos apresentados na Oficina. Foi um oportunidade de ampliar as habilidades técnicas e artísticas de cada um, para que posteriormente todos esses conhecimentos adquiridos sejam utilizados na prática, nos dia de Mutum.
O Mutum também abriu vagas para colaboradores em diversas áreas, entre elas Comunicação, Núcleo de Produção, Monitor em atividades formativas e culturais, Apoio a Comunidades Tradicionais e a ações como o Mutum Sustentável. Como opção de formação dos colaboradores também aconteceu no início de Julho, o Laboratório de Comunicação Criativa, organizado pela ONG Casa da Árvore, aos interessados em atuar na área de Comunicação. Noções de relacionamento com os participantes da Mostra e com a imprensa foram alguns pontos debatidos.
Para músicos serão oferecidas vagas em cinco workshops de aprimoramento durante o Mutum, como: Guitarra Brasileira, com arranjador e guitarrista Paulio Celé; Bateria e improvisação coletiva, com Rodrigo Digão Braz; Contrabaixo brasileiro, com Sá Reston; e Música Universal, com o pianista Salomão Soares. Para músicos, não-músicos, apaixonados por cultura, educadores sociais e arte-educadores, serão realizadas ainda as oficinas: Corpopular, com o ex-integrante do grupo de percussão corporal, Leandro Medina; e Música e a Vida, com o Deuller Andrade, educador e compositor goiano radicado em Minas Gerais.
Outras vivências culturais prometem novas descobertas para quem participar do Mutum. São elas: Oficina de Benzimento, com Felisberta Pereira, de Natividade; Oficina de construção de viola de Buriti, com mestres tradicionais das comunidades de Barra da Aroeira e Mumbuca; e Oficinas de confecção de tambor e ritmos tocantinenses com Marcio Bello e Lucindo Pereira.