Desde o ano passado, com a implementação do projeto “Paranã Vestibular UFT/2015”, o município de Paranã, na região Sudeste do Tocantins, tem vivenciado um número cada vez maior de pessoas que tem se empenhado na busca de uma formação em ensino superior, em sua maioria no nível de graduação.
A iniciativa começou com o trabalho de conscientização feito pela Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial, que desde sua criação em 2013 como a primeira pasta dedicada exclusivamente à temática no Tocantins, tem levado às comunidades rurais o conhecimento e assistência no acesso a políticas afirmativas oferecidas pelo Governo. Em parceria com a Secretaria de Educação do município, escolas locais e professores voluntários, o projeto ofereceu apoio no processo de inscrição dos candidatos no exame seletivo, transporte, preparação para o exame vestibular e orientação aos aprovados na solicitação de bolsas de estudo.
Com uma população cuja projeção ultrapassa dez mil habitantes, Paranã tem hoje em torno de 40 alunos universitários em nível de graduação no campus de Arraias.
Segundo o ex-secretário e ex-diretor executivo de promoção da Igualdade Racial do município, e atualmente líder comunitário, Enedino Benevides Neto, a mudança desse quadro se deve muito a políticas educacionais de nível superior iniciadas na última década, com a criação e expansão do curso de Educação do Campo da Universidade Federal do Tocantins (UFT) campus de Arraias “e o sistema de cotas, o qual tem despertado na população afrodescendente rural o interesse de uma qualificação e inserção no mercado de trabalho”, diz Enedino. Para ele, a experiência foi e tem sido gratificante ao ver o interesse de jovens e adultos, também da cidade, procurarem informações e ajuda para ingressarem na universidade. “É evidente que o nível de conscientização no exercício da cidadania e reivindicação de direitos é uma realidade em processo de evolução”, acrescenta Enedino.
Regularização Fundiária
Outra conquista digna de se mencionar é que além desses avanços, dentre as quatro comunidades remanescentes de quilombo do município, três (Claro, Prata e Ouro Fino) estão com o laudo antropológico quase concluído, passando em seguida à avaliação e regularização fundiária.