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Estado

Foto: Divulgação

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Os dados do Atlas da Violência 2019 divulgado nesta quarta-feira, 5, indicam que o Tocantins registrou uma ligeira na redução na taxa de homicídios no ano de 2017 em comparação a 2016, com 557 e 577 casos, respectivamente. Enquanto em 2017 a taxa de mortes ficou em 35,9 casos por cada grupo de 100 mil habitantes, em 206 a taxa fora de 37,6, uma variação de -4,5%. Ainda assim, a taxa do Tocantins está acima da média nacional que foi de 31,6 em 2017.

Já em uma comparação aos últimos dez anos, a taxa apresentou um crescimento expressivo no Tocantins, passando de 226 casos em 2007 (16,6 casos por 100 mil) para 557 em 2017 (35,9 casos por 100 mil), uma variação de 116% em uma década.

A pesquisa foi realizada com base nos dados de 2017 do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS). Os dados foram coletados, compilados e analisados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgados hoje.

Segundo a pesquisa, a região Norte, onde está localizado o Tocantins, apresentou crescimento acentuado no índice de violência em uma década. As regiões Nordeste e Centro-Oeste também acompanharam este crescimento, enquanto que as regiões Sul e Sudeste demonstraram “residual diminuição”.

Para os autores da pesquisa o forte crescimento da letalidade nas regiões Norte e Nordeste pode estar relacionado às disputas entre facções criminosas rivais, como PCC e Comando Vermelho, além de seus aliados regionais, como a  Família do Norte, Guardiões do Estado, Okaida, Estados Unidos e Sindicato do Crime.

Os autores ressaltam ainda que o ano de 2018 e início de 2019 apresentaram queda na letalidade, como foi apresentado pelo Monitor da Violência, elaborado com base nos registros policiais de 2018. Entretanto, destaca-se que os indicadores de homicídios analisados no Atlas da Violência” referem-se ao ano de 2017, com base nos dados oficiais do Ministério da Saúde, que foram recentemente divulgados” e que o indicativo de redução dos homicídios em 2018 e 2019 podem ser resultado justamente da guerra entre facções que estaria se abrandando. “Tendo em vista que as maiores diminuições nas taxas de homicídios nesse ano ocorreram exatamente nos estados onde estava em curso, com maior intensidade, a guerra entre as facções que eclodiu no final de 2016, não se pode descartar a hipótese de a queda das mortes em 2018 e início de 2019 estar intrinsecamente ligada a um processo de acomodação dessas escaramuças, uma vez que economicamente é inviável manter uma guerra de maior intensidade durante anos a fio”, esclarecem os autores.

Morte de jovens

A pesquisa destaca que a maior parte do número de casos de homicídios tem sido registrada entre jovens de 15 a 29 anos, com destaque para os homens nesta faixa etária.

No Tocantins, dos 557 homicídios registrados em 2017, 303 foram de pessoas com idade entre 15 e 29 anos. A taxa de mortalidade de jovens é de 72,4 por 100 mil habitantes. O aumento percentual foi de 22,3% desde 2007 quando foram registradas 94 mortes de pessoas nesta faixa etária.

A maioria dos jovens vítimas da violência letal é homem. Dos 303 jovens de 15 a 29 anos que morreram em 2017, 282 eram homens. No total, 35.783 jovens foram assassinados no Brasil, destes, 94,4% (33.772) eram do sexo masculino.

Os pesquisadores lembram que, além da tragédia humana, a mortalidade precoce tem forte impacto no desenvolvimento econômico do país. Mortes violentas de jovens chegaram a custar cerca de 1,5% do PIB nacional em 2010. Tornam-se urgentes, portanto, as “políticas públicas focadas na redução de homicídios entre jovens, principal grupo vitimado pelas mortes violentas intencionais. Observou-se aumento expressivo dos homicídios de jovens em diversas unidades da federação, as mesmas onde verificou-se o crescimento da taxa geral de homicídios em 2017”, pontuam.

Nacional

A pesquisa destaca ainda que, em todo o País, foram registrados 65.602 homicídios em 2017, o que equivale a uma taxa de aproximadamente 31,6 mortes para cada cem mil habitantes. Trata-se do maior nível histórico de letalidade violenta intencional no Brasil.