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Campo

Foto: Guilherme Viana

Foto: Guilherme Viana

Biomaphos é o nome do primeiro inoculante nacional para solubilização de fósforo, elemento essencial para o desenvolvimento das plantas no campo. Tecnologia que poderá diminuir a dependência dos produtores rurais brasileiros quanto a fertilizantes importados, é um produto natural que foi desenvolvido em conjunto pela Embrapa e pela empresa Bioma. Depois de ser apresentada em vários estados pelo Brasil, chegou a ver do Tocantins conhecer melhor a tecnologia. Na noite da próxima sexta-feira, 27 de setembro, haverá evento de lançamento do Biomaphos na Embrapa Pesca e Aquicultura, em Palmas. O público prioritário é formado por produtores, consultores e técnicos do meio rural com atuação na região.

Quem esteve à frente da equipe responsável pela pesquisa que chegou ao produto foi Christiane Paiva, pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG). Ela explica que “como o produto aumenta a absorção de fósforo pelas raízes, a planta acumula mais esse elemento internamente e, consequentemente, nos grãos. Então conseguimos comprovar que o microrganismo solubilizou mais fósforo quando medimos sua concentração nos grãos. Percebemos que, em uma planta que foi inoculada, há mais presença de fósforo que em outra que não recebeu o produto. E o fósforo está diretamente relacionado à produção de grãos. Então, com a inoculação, você terá um consequente aumento na produtividade de grãos”.

Em termos efetivos, nos experimentos chegou-se a aumentos médios de cerca de 10% na produtividade na cultura do milho; conforme a região, isso pode significar 10 sacas ou 600 kg a mais por hectare. O produto tem surtido efeito positivo também na cultura da soja; como exemplo, o produtor André Ricardo Denardin, de Braganey-PR, obteve oito sacas a mais em cada um dos 10 hectares em que testou o BiomaPhos na última safra.

O Matopiba, região que reúne partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, vem crescendo sua área de produção de grãos, com destaque para soja e milho, como em geral ocorre no país. Atualmente, a região responde por cerca de 10% da produção nacional de grãos. Eric Routledge é chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pesca e Aquicultura, Unidade da empresa que fica em Palmas-TO e mantém um grupo de pesquisa e transferência de tecnologia em sistemas agrícolas voltados para o Matopiba.

Para ele, “quanto mais tecnologia embarcarmos no sistema de produção para dar suporte e segurança ao planejamento do produtor, mais sustentável poderá ser o ganho de produtividade e o interesse por áreas de fronteira agrícola como do Tocantins e Matopiba”. Fazendo a conta dos 10% a mais que o BiomaPhos pode proporcionar, Eric diz que a produtividade do milho tocantinense, hoje em torno de 4.900 kg/ha, poderá ficar mais perto da média nacional de 5.850 kg/ha.

Expectativa

A Bioma, empresa parceria da Embrapa no desenvolvimento do BiomaPhos, vê com bons olhos a adoção do produto na safra que se aproxima. Para Marilia Taffarel, supervisora comercial da empresa que atende Tocantins, Maranhão e Pará, “nossa expectativa é de que boa parte dos produtores pelo menos testem essa tecnologia. A gente sabe que temos uma região com potencial, mas que temos diversas variáveis que nos impossibilitam ter uma produtividade média mais alta. A gente tem certeza de que esse produto, com a tecnologia toda da Embrapa, vem pra auxiliar o produtor a conseguir médias maiores de produtividade”.

A aposta da supervisora comercial na região é visível já para a próxima safra: “a minha expectativa, hoje, nesses três estados é de que a gente consiga trabalhar em torno de 40.000 hectares nesse primeiro ano”, afirma. E se a receptividade for a mesma da encontrada em outros estados, não é um desafio impossível de ser vencido. Artur Soares é gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Bioma e destaca a receptividade dos participantes dos eventos de lançamento do produto.

Segundo Artur, “(a receptividade) não poderia ser melhor. Todos os locais em que nós estamos realizando os eventos, nos estados do Paraná, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, o público foi excelente. Empresas e produtores participaram, a imprensa local de todas as regiões de realização dos eventos participou em massa; houve muita divulgação”. Quanto à Embrapa, o gerente elogia: “a parceria da Embrapa está sendo fantástica. A pesquisa e a chefia da empresa estão participando em todos os eventos como um grande parceiro mesmo”.

Lançamentos

A pesquisadora Christiane tem participado de lançamentos do BiomaPhos em várias áreas de produção de grãos no Brasil. O primeiro evento foi em 20 de agosto em Cascavel-PR (confira matéria neste link); no dia seguinte, o lançamento aconteceu em Campo Mourão-PR; e em 22 de agosto foi a vez de Dourados-MS conhecer a tecnologia num evento na Embrapa Agropecuária Oeste.

No mês de setembro, ela já fez palestras durante lançamentos do produto em três estados: Mato Grosso, em Primavera do Leste no dia 5; Minas Gerais, nas cidades de Varginha (dia 10), Uberaba (11) e Paracatu (dia 12); e Goiás, onde houve eventos nos dias 17 em Rio Verde, 18 em Caldas Novas e 19 em Uruaçu. Nesta semana, antes de Palmas (na sexta, 27 de setembro), o BiomaPhos será lançado em dois municípios gaúchos: Cruz Alta no dia 24; e Passo Fundo em 25 de setembro. E, para outubro, já há três eventos programados para acontecerem no Mato Grosso: dia 1º em Lucas do Rio Verde; no dia seguinte em Sorriso; e, em 3 de outubro, é a vez de Campo Novo.

O chefe de P&D da Embrapa no Tocantins entende que tecnologias como o BiomaPhos agregam valor aos produtos que as utilizam. Para Eric, “o mercado, sobretudo o internacional, está cada vez mais interessado em um produto sustentável, que seja produzido não só com um mínimo de impacto e mantendo o ambiente em equilíbrio, mas com menos dependência de insumos que são caros e finitos. Soluções tecnológicas que busquem aproveitar a própria natureza, fazendo a mesma trabalhar a favor de uma agricultura inteligente, são com certeza o melhor tipo de valor que se pode agregar à produção e à imagem da agricultura brasileira". (Ascom Embrapa)