Os bolsistas integrais do Programa Universidades para Todos, o Prouni, no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) têm notas maiores que os bolsistas parciais e estudantes de escolas particulares que não participam do programa. Na média, o desempenho daqueles com bolsa integral entre 2015 e 2017 foi de seis pontos acima dos bolsistas parciais e 10 pontos acima dos demais alunos. É o que revela um estudo inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
De forma geral, o impacto do Prouni sobre o Enade foi positivo e significativo. Na comparação do quesito renda, os estudantes mais pobres – com renda familiar até três salários mínimos – e que receberam bolsa integral tiveram uma média de desempenho 11 pontos acima dos que não participam do programa. Em relação aos que recebem bolsa parcial, a diferença ficou em torno de quatro pontos.
Os números mostram que quanto menor a renda, maior a diferença de desempenho. Os bolsistas integrais com renda familiar até 1,5 salários mínimos ficaram sete pontos acima daqueles com bolsa parcial. No recorte entre 1,5 e três salários, a diferença de performance dos bolsistas integrais é de seis pontos acima dos parciais.
As variações de desempenho também aparecem na análise da área de conhecimento do curso do estudante. Na comparação de bolsistas integrais em relação aos outros dois grupos (parciais e não participantes), o desempenho é melhor nas áreas de saúde, agrária e afins, seguido de sociais aplicadas, humanas e afins.
A pesquisa, intitulada "Avaliação de Impacto do Prouni sobre a Performance Acadêmica dos Estudantes", analisou o desempenho de cerca de 430 mil alunos. Foram considerados apenas os estudantes que fizeram o ensino médio em escolas públicas, pois aproximadamente 95% dos bolsistas do Prouni apresentam essa característica. Em relação à renda, o estudo considerou renda familiar inferior a 10 salários mínimos - menos de 0,5% dos estudantes participantes do Prouni declararam possuir renda maior.
Perfil dos bolsistas do Prouni
O estudo do Ipea identificou, ainda, que características individuais influenciam no recebimento de bolsas. Em relação à bolsa integral, ser jovem, homem e/ou não branco são características que aumentam as chances de recebimento da bolsa. No entanto, os jovens que trabalham têm essas chances diminuídas em 0,9 vezes.
No quesito renda, jovens com renda familiar entre 1,5 e três salários mínimos têm maiores chances de participar do programa em relação àqueles com até 1,5 salários mínimos, porém menor chance de receber a bolsa integral. De modo geral, para os alunos que declaram renda maior que três salários, as chances são menores tanto em relação ao recebimento da bolsa quanto ao tipo – integral ou parcial.