A relação entre a malha rodoviária no norte do Tocantins, sudeste do Pará e sul do Maranhão e a interiorização da Covid-19, causada pelo novo coronavírus Sars-Cov-2, é o alvo de uma pesquisa desenvolvida por professores da Universidade Federal do Tocantins (UFT), do Câmpus de Araguaína. O estudo é preliminar e analisou dados do dia 5 de abril até 1º de maio, e também avalia a percepção da população dessas regiões em relação à pandemia.
O primeiro produto da pesquisa, o artigo “Notificando o medo: cartografia e percepção da Covid-19 na malha rodoviária na porção norte dos vales dos rios Araguaia e Tocantins" foi submetido à revista Hygeia - Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O trabalho é desenvolvido pelos professores Vinicius Gomes de Aguiar, Dernival Venâncio Ramos Júnior, Kênia Gonçalves Costa e Reges Sodré.
Segundo Ramos Júnior, "o trabalho começou pela necessidade de produzir informações sobre a Covid-19 e as formas de prevenção à doença". Segundo ele, os materiais (disponíveis no YouTube do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Saberes e Práticas Agroecológicas (Neuza)) contavam com o mapa e alertavam a população quanto aos modos de prevenção. "Mas com o aumentos dos casos fomos percebemos que a rede rodoviária que liga norte do Tocantins, Sudeste do Pará e Sul do Maranhão era o caminho percorrido pelo vírus. Daí começamos a problematizar os fluxos interurbanos e a guerra de versões sobre a Covid-19 e o isolamento social, tanto em nível federal como municipal e resolvemos aplicar um questionário online entre os dias 21 e 23 de abril". Ele complementa afirmando que "as pessoas, para além da desobediência ao isolamento social, percebem a pandemia como algo do que é preciso ter medo".
De acordo com as informações repassadas pelos pesquisadores, há dificuldades no levantamento das informações, visto que parte delas é obtida diretamente junto às plataformas digitais dos municípios. "O nível de desagregação das informações dificulta um conhecimento mais detalhado do problema". Eles enfatizam que com os dados levantados até o momento é possível apontar para a necessidade de atenção das autoridades de saúde e da população com o entorno rodoviário. De maneira especial, pela vulnerabilidade de serviços de saúde, com cidade pequenas. "Além disso, a proximidade destas e a intensa interação com centros maiores, focos de contaminação, também se torna um fator preocupante, como é o caso de Canaã dos Carajás e São Miguel do Tocantins", pontuam.
Professora Kênia diz que a pesquisa continua e que a versão final do trabalho foi aceito para compor um livro sobre a Covid-19 e ser publicado no México no final deste ano.