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Araguaína

Ronaldo Dimas é prefeito de Araguaína (Foto: Divulgação)

Em uma reunião remota capitaneada pelo prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (Podemos), a médica brasileira Marina Bucar Barjud, que atua em Madri, na Espanha, apresentou o protocolo médico que tem utilizado para tratar pacientes diagnosticados com a Covid-19, causada pelo novo coronavírus Sars-Cov-2 naquele País.

A live foi transmitida pelas redes sociais da Prefeitura de Araguaína e teve mais de 200 espectadores. A médica relatou a experiência com o tratamento realizado com hidroxicloroquina, azitromicina e zinco, na fase inicial da doença - sintomas leves e quando ainda não há internação do paciente.

Um estudo recente, realizado com 1.438 pacientes e publicado no periódico médico Jama (Journal of the American Medical Association), não encontrou relação do uso da hidroxicloroquina (com e sem associação com azitromicina) com a redução do número de mortes e intubações por causa da doença.

Segundo Ronaldo Dimas, as pesquisas científicas publicadas e o protocolo recomendado por Marina Bucar, são coisas distintas. De acordo com o prefeito, a recomendação da médica é para o tratamento na fase inicial da doença, enquanto que os estudos científicos divulgados dizem respeito à ineficácia da hidroxicloroquina em casos graves e fase final da covid-19. “Estamos falando de coisas totalmente diferentes. Os estudos publicados recentemente, falam de tratamento com hidroxicloroquina na fase final, ou seja, quando já está internado, entubado, na UTI”, justificou Dimas.

O protocolo recomendado por Marina Bucar deverá ser replicado em Araguaína pelo Instituto Saúde e Cidadania (ISAC). “O que ela [Marina Bucar] propôs, o que é recomendado por ela, e que estaremos adotando aqui, que nossos médicos e corpo técnico viram que é o mais adequado é em uma fase inicial”, completou Dimas.

O uso da hidroxicloroquina em pacientes em isolamento domiciliar com sintomas leves da covid-19 é uma das medidas apontadas por Ronaldo Dimas como enfrentamento ao acelerado avanço da doença no município.

“A gente tá focado agora em tentar ter tratamentos que minimizem a necessidade de internação, ou, se ocorrendo, que essa internação tenha tempo de duração bem menor que a média que vem ocorrendo”, explicou o prefeito. Um paciente com covid-19 que precise de internação, leva em média 15 dias para se recuperar e liberar o leito.

A respeito da possibilidade de lockdown no município, o prefeito avaliou que a medida só deverá ser tomada, se necessária, em consonância com o Governo do Estado. Segundo ele, Araguaína recebe em sua rede de saúde, não somente moradores da cidade, mas pessoas de toda a região norte do estado e ainda sul e sudeste dos estados do Maranhão e Pará. O fechamento da cidade implicaria no não atendimento a estas pessoas. 

“Nós recebemos 670 mil habitantes nessa macrorregião de saúde. Quando falamos de Araguaína, não é só Araguaína especificamente. Estamos falando de toda região norte. O problema tem se agravado muito na região do Bico do Papagaio. E acho que as coisas estão todas interligadas. Então é uma questão que, para ocorrer, é o governo do Estado que tem que fazer essa análise que estará ligada à capacidade da rede estadual, que aqui em Araguaína inclui 3 hospitais”, explicou Dimas.

O prefeito também comentou a inclusão dos serviços de salões de beleza, barbearias e academias na lista de serviços essenciais, de acordo com decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo o gestor, por ora, não há possibilidade de que esses serviços sejam autorizados a reabrir em Araguaína. “Eu acho muito estranho essa inclusão porque não é nossa intenção, absolutamente, só se formos obrigados”, disse.

Ainda no mês de março, quando a epidemia estava apenas no início no Tocantins, o prefeito de Araguaína decidiu flexibilizar regras de isolamento social, como o fechamento do comércio e alguns serviços na cidade, como academias e salões de beleza, quando ainda não haviam casos confirmados de covid-19 no município. 

Em abril, academias, restaurantes, feiras e igrejas também foram liberados a funcionar com restrições. Após as flexibilizações, a cidade registrou um aumento expressivo no número de casos. “[O fechamento de] academias e salões ficaram para um segundo momento quando a gente estava com pouquíssimos casos e não estavam evoluindo. Mas logo, 10 dias depois, tivemos que restringir, não somente salões e academias, mas o comércio em geral”, justificou.

As medidas mais austeras no combate à propagação do novo coronavírus em Araguaína só foram adotadas no final de abril, quando a prefeitura publicou no Diário Oficial do Município decreto proibindo totalmente o funcionamento de  bares, feiras, motéis, academias, festas particulares, serviço de transporte por mototáxi e estabelecimentos de embelezamento, como clínicas de estética e barbearias. Também estão proibidos shows, eventos culturais e a venda de bebidas alcoólicas em qualquer estabelecimento. O decreto também tornou obrigatório o uso de máscaras de proteção em espaços públicos.

De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado nesta terça-feira, 12, pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), Araguaína concentra a maioria dos casos registrados no Tocantins, com 351 confirmações de um total de 828 em todo o estado.