Com exceção das séries iniciais do ensino fundamental, o ensino público da rede estadual do Tocantins, pelo quarto ano consecutivo, não atingiu a meta prevista pelo Ministério da Educação. Nos anos finais da educação fundamental o IDEB é 4,4 contra 5,1 previsto pela meta e no ensino médio 3,9 contra 4,5. Em ambas categorias de ensino, o Tocantins está abaixo da média nacional. Na região Norte perde para Rondônia, Acre e Amazonas, nos anos finais do ensino fundamental, e para Rondônia, no ensino médio.
José Roberto Fernandes, consultor técnico da Federação das Indústrias do Estado do Tocantins (FIETO), vê com preocupação o resultado da pesquisa e chama atenção para outra questão envolvendo a educação básica no Tocantins: o nível de qualificação dos seus docentes. “Indicadores monitorados pela Fieto, desde 2013, indicam que os docentes com pós-graduação no Tocantins não chegam a 32% do total. Somos o 22º colocado entre as 27 unidades da federação”, destaca Fernandes.
Indicadores externos também mostram um cenário preocupante em relação a educação no Tocantins. O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), realizado a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e que monitora a proficiência de alunos de 15 anos nas disciplinas de leitura, ciências naturais e matemática, mostra o estado na 25ª colocação no País. Na última pesquisa, publicada em 2015, o Pisa do Tocantins era 366, longe do Amazonas, com 395, líder da região Norte, e do Espírito Santo, com 427, líder nacional.
“O quadro exposto sinaliza para a deficiência da atual educação básica em fornecer ao estudante o estofo intelectual mínimo para recepcionar as capacitações profissionais exigidas pela indústria moderna”, observa Fernandes, acrescentando que em economias desenvolvidas o nível educacional dos cidadãos condiciona o desenvolvimento socioeconômico do País.
O consultor observa ainda que, há muito tempo, a indústria analisa, monitora e discute a educação básica e tem, reiteradamente, oferecido ao poder público agendas com suas principais demandas, bem como seus recursos e competências para estabelecer um ambiente favorável ao seu aperfeiçoamento. Sem esse esforço, segundo o consultor, a indústria local dificilmente atingirá os níveis de geração de economia compatíveis com a sua potencialidade.
“A indústria precisa ser, globalmente, competitiva. Precisamos aperfeiçoar a educação básica no que diz respeito à evasão, qualificação dos professores e gestores, ensino de matemática, ciências e língua pátria com articulação com a educação profissional. É um desafio de estado e não apenas de governo, prescinde da mobilização de todos os atores econômicos”, conclui Fernandes.