Nesta quinta, um áudio e vídeo atribuídos a uma enfermeira que trabalho na ala para pacientes com covid-19 do Hospital Regional de Porto Nacional (HRPN) circularam pelas redes sociais. Nas gravações, a profissional denuncia a situação do hospital e das condições de trabalho dos servidores.
Nossa reportagem não conseguiu contato com a enfermeira, mas na gravação ela alega que a ala covid está lotada, com pacientes em estado grave sem UTI e que, para piorar, não há médicos disponíveis em tempo integral para assistir aos pacientes.
“Depois que os médicos rotinistas passsam no covid, que fazem o serviço deles, nós não temos mais médico. Os médicos ficam no PS [Pronto Socorro]. Quando o paciente precisa, se o paciente para, se sai dos parâmetros normais, a gente sai correndo para chamar um médico no PS. Se o médico estiver em uma emergência, o paciente vai ficar à sorte. Um covidário que tem pacientes graves como o nosso, precisa de um médico lá dentro, que seja exclusivo” (sic), disse a enfermeira.
Identificada apenas como Edilene, a enfermeira afirmou ainda que já perdeu dois parentes vítimas do novo coronavírus e que seu pai também está internado no HRPN em estado grave. “Há quatro dias meu pai está lá no covidário precisando de uma UTI, em estado gravíssimo. Temos vários servidores cansados, exaustos de lutar pela vida dos pacientes intubados porque não temos estrutura para estar com pacientes intubados, que são de UTI”, afirmou.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que está em andamento a readequação de alas para implantação de Leitos de UTI no Hospital de Porto. “A SES destaca que o setor de engenharia da Pasta está finalizando as reformas no que concerne as redes de água e gás, para contemplar a rede de hemodiálise, caso necessário, para que entre em funcionamento em aproximadamente 10 dias. Paralelo a isso também está em fase final a contratação de empresa especializada para gerir estes leitos. Esse processo aguarda pareceres das áreas técnicas, CGE e PGE”, informou a gestão.
A respeito da falta de médicos para atendimento dos pacientes com covid-19 no HRPN, a SES informou que a escala de profissionais na unidade não está dando conta de atender à demanda devido ao pico pandêmico. “Contudo, a Pasta está com chamamento aberto para contratações de mais profissionais, visando reforçar os serviços em Porto Nacional, além de outras unidades geridas pelo Executivo Estadual”, justificou.
Sobre o pai da enfermeira que fez as denúncias em vídeo, a secretaria informou também que o paciente já foi regulado para Unidade de Terapia Intensiva no Hospital Regional de Gurupi, por UTI aérea, aguardando os trâmites necessários.
A secretaria informou ainda que o Governo do Estado deverá abrir novos leitos de UTI e clínicos, em Paraíso, Guaraí, Dianópolis e Miracema, mas a pasta não informou a quantidade nem quando esses leitos estarão disponíveis.
