O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), Raimundo Nonato Silva Oliveira, 46 anos, foi assassinado a tiros na madrugada desta terça-feira, 13, em Araguatins/TO, em sua casa no bairro Vila Cidinha. Raimundo era mais conhecido por Cacheado.
Ele foi executado, de acordo com informações divulgadas pela Polícia Militar (PM/TO) e Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP/TO), enquanto dormia em sua casa com a namorada. Homens encapuzados teriam arrombado e adentrado a residência em que estavam e efetuaram disparos contra o militante. Raimundo não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
Segundo informação da Polícia Militar, quando a guarnição de policiais chegou ao local, depararam com a namorada da vítima, que relatou a PM, que se encontrava deitada com a vítima, quando de imediato três homens encapuzados, teriam chegado a sua casa, e após arrombarem a porta da frente da residência, adentraram ao interior do imóvel, e efetuaram disparos de arma de fogo contra a vítima.
Cacheado morreu no local onde se encontrava deitado, na hora em que foi alvejado. Segundo a PM, a testemunha não soube informar precisamente quantos disparos foram efetuados contra a vítima e nem tampouco os motivos que levou a vítima a ser alvejada.
Equipe de peritos e do Instituto Médico Legal (IML) estiveram no local para as providências competentes a cada órgão. A Polícia Militar empreendeu diligências no intuito de deter algum suspeito, mas, ninguém foi localizado.
O caso será investigado pela Polícia Civil e a Secretaria de Estado da Segurança Pública do Tocantins (SSP/TO) informa que mais informações serão passadas em momento oportuno.
MST exige justiça
Em nota, o MST lamentou a morte e exige justiça. "Cacheado foi um militante valoroso, contribuindo em toda sua vida para a organização das famílias Sem Terra. Sua luta será lembrada e sua história alimentará a luta do MST por Reforma Agrária. O MST exige justiça para Cacheado, que seus assassinos e mandantes sejam identificados, detidos e julgados".
Defensoria emite Nota de Pesar
A Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) emitiu Nota de Pesar pela morte do militante destacando seu papel como líder popular e parceiro da instituição na luta em defesa dos direitos, especialmente nas atuações coletivas em defesa de trabalhadores e trabalhadoras rurais e de comunidades que vivem em assentamentos.
Segundo a Defensoria Pública, a história de vida e de militância de Cacheado é comum a muitos assistidos da entidade, "já que desde muito jovem ele vivenciou na família e nas comunidades que viveu as ofensivas e os riscos relacionados a conflitos de terra", afirma a Defensoria Pública em sua nota.
Segundo informações do MST, o pai de Cacheado foi assassinado por pistoleiros quando o militante era apenas uma criança, o que o teria motivado a se envolver na luta popular pelo direito à terra. Segundo o MST, Cacheado era alvo e já tinha sofrido outras tentativas de assassinato.
PSOL manifesta repúdio
Por meio de nota, o Partido Socialismo e Liberdade do Tocantins (PSOL) manifestou solidariedade aos familiares, amigos e companheiros e repúdio ao "brutal assassinato de Cacheado", afirma o PSOL, informando que Raimundo Nonato já havia sofrido ameaças de morte. "Raimundo Nonato, um homem negro, dedicou sua vida a luta pela terra contra o latifúndio, contra o racismo. Em razão de suas lutas, diversas vezes foi ameaçado de morte e, em momentos de acirramento de conflitos por terras, teve que sair da região do Bico do Papagaio. Cacheado sempre presente na luta por uma revolução econômica, social, cultural, política e ambiental", afirma o PSOL. (Matéria atualizada às 22h18min)