Os resultados do Relatório Anual de Desmatamento (RAD de 2022) do MapBiomas nos estados que compõem a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) foram apresentados nessa quarta-feira, 23, durante webinar que contou a participação do secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Marcelo Lelis, e da diretora de Inteligência Ambiental, Clima e Florestas, Cristiane Peres, ocasião em que os órgãos estaduais de meio ambiente e Ministério Público apresentaram suas ações de combate ao desmatamento em seus respectivos estados. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) também participou do webinar e apresentou suas ações.
Apresentados pelo professor Washington Rocha (Coordenador Caatinga no Mapbiomas), os dados do relatório do RAD 2022, apontam mais de 2 milhões de hectares desmatados no país, sendo 625.040 com perda de vegetação nos estados que compõem o Matopiba, o que corresponde a um crescimento de 37% em relação a 2021. Dos 76.193 alertas emitidos no Brasil no ano passado, 12.036 foram detectados nesta área, representando um crescimento de 14% no período.
Em 2022, 82.966 hectares foram desmatados no Tocantins, mas, segundo consta no relatório, nenhum município do Tocantins integra a lista dos dez que mais desmataram no ano no Matopiba. O relatório cita ainda que no município de Pedro Afonso foi detectada a maior área desmatada no estado, com 2.260 hectares.
O secretário Marcelo Lelis destacou a disposição do Governo do Estado em enfrentar estes números e anunciou que o Tocantins está trabalhando num grande plano de enfrentamento ao desmatamento ilegal no Cerrado, a ser lançado em breve. Ele apontou ainda que em 2022 foram realizadas 867 ações de fiscalização pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e 1.274 este ano. Em relação aos autos de infração, no ano passado, foram emitidos 484 no total, e 205 em 2023 até o momento.
Marcelo Lelis citou o acordo de venda de créditos por redução do desmatamento que foram transacionados com a Mercuria Energy Trading S/A como uma importante ferramenta que permitirá uma revolução na política ambiental.
“Nosso projeto do REDD+ prevê a pactuação com todos os setores envolvidos, entre eles o agro, que foi chamado para fazer parte desta discussão porque a agricultura no Tocantins já entendeu que é preciso produzir de acordo com as regras ambientais. Nós estamos com esta missão que é fortalecer a politica ambiental e o nosso maior foco é reduzir o desmatamento ilegal”, reiterou.
Para o secretário Extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente (MMA), André Lima, “o país vive um desafio que é zerar o desmatamento até 2030. Os dados apresentados são importantes e vão ajudar ainda mais a identificar a magnitude do problema e qualificá-lo, para poder desenvolver e desenhar as políticas necessárias para este enfrentamento”.
Ao encerrar o seminário, o coordenador geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, fez ainda um apelo aos quatros estados para que tenham dados mais completos com números de autorizações, autuações, embargos, disponíveis de forma aberta, bem completos em suas respectivas plataformas para que possam integrar o monitor da fiscalização que é um importante instrumento para reconhecer o trabalho que está sendo feito por cada local e pelos órgãos ambientais de todo o Brasil. “É muito importante que estamos evoluindo nesta conversa e os avanços passam por este tipo de discussão que estamos tendo aqui hoje”, avaliou.