Necessárias para acompanhar a saúde da Unidade de Conservação por meio do da observação de borboletas frugívoras, aves, mamíferos de médio e grande porte e árvores, as trilhas de monitoramento, iniciadas em julho no Parque Estadual do Cantão (PEC), serão concluídas na quarta-feira, 27. Nesta terceira e última trilha, a equipe encontra-se na parte sul do parque desde o dia 28 de agosto, nas proximidades do Projeto Canguçu. As outras duas trilhas foram realizadas em junho e em agosto.
O guarda-parque Emival Pinto Rocha, que integra a equipe do PEC, explica que o monitoramento da biodiversidade é fundamental para as Unidades de Conservação (UCs), pois permite medir se as ações de preservação e conservação estão sendo atingidas. Segundo ele, a equipe vai para o campo às 7 horas e retorna às 17h30 para o ponto de apoio. “Percorremos, em média, 11 quilômetros por dia e, neste período em que estamos em campo, realizamos a limpeza das áreas”, observamos.
Nas três trilhas realizadas no Parque Estadual do Cantão, que é considerado o berçário do Rio Araguaia, a equipe percorreu pontos da imensidão dos 90 mil hectares do PEC, assim como parte dos 850 lagos que cortam a Unidade de Conservação. “Além das trilhas, fazemos ações rotineiras de aferição da saúde do parque. Assim, quando observamos qualquer alteração, é possível atuar de forma preventiva”, observa o gerente do PEC, Adailton Glória, ao ressalvar que as trilhas contribuem também na prevenção a incêndios florestais.
As trilhas
Na primeira trilha, iniciada em junho e concluída em julho, foram percorridos os Rios Coco, Furo do Cicica e Furo da Barreirinha, nas proximidades da antiga sede do Instituto Araguaia. Na ocasião, foram realizadas atividades de limpeza, substituição de estacas de madeira por canos de PVC acoplados a ferro para facilitar a pesquisa em campo.
A segunda trilha começou no final do mês de julho e se estendeu até 15 de agosto na área próxima à Pousada Ecológica do Governo, que serviu como ponto de apoio para desenvolver as ações de monitoramento e limpeza. Foram percorridos os Rios Coco e Araguaia.
As três trilhas de monitoramento da biodiversidade implantadas no Cantão têm 5 km linear cada e foram realizadas como apoio do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) e Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins). No decorrer dos trabalhos, a equipe técnica implantou 4.275 quilômetros de trilhas. O guarda-parque Emival Pinto Rocha explica que a vegetação da região do Cantão é diferenciada, pois apresenta um tipo transição (cerrado e mata de igapó) com ênfase no cerrado que dificulta a abertura da trilha.
O guarda-parque reforça que, sem monitoramento, pode-se ter a falsa impressão que está tudo certo, porque as árvores seguem em pé. “Contudo, a saúde da natureza depende da presença de animais, de uma teia trófica funcional (cadeias alimentares), e de uma quantidade mínima de distúrbios. Assim, o monitoramento é necessário pois permite visualizar os sintomas da saúde da natureza”, finaliza.