Na coluna dessa semana vamos falar sobre um assunto muito doloroso para todo tutor, que é a perda de um pet em razão do seu falecimento. Os animais de estimação estão presentes em muitas residências brasileiras e figuram como verdadeiros integrantes das famílias.
Com eles compartilhamos os momentos de alegria, algumas tristezas, mas quando chega a óbito é normal que os tutores sofram com a perda dos seus grandes companheiros. Mas, e quando essa perda vem em decorrência da eutanásia?
A origem da palavra vem do grego "Eu" (Bom) e “Thanatos” (Morte), representa um modo humanitário de matar o animal, sem dor e com mínimo estresse, e é indicada quando um pet enfrenta uma doença incurável e está em sofrimento insuportável.
O CFMV – Conselho Federal de Medicina Veterinária estabeleceu diretrizes na Resolução nº 1000, delineando os princípios que devem orientar essa decisão, as condições em que o paciente deve se encontrar e os métodos aceitáveis para a eutanásia.
A eutanásia é indicada, por exemplo, quando o bem-estar do animal estiver comprometido de forma irreversível, sendo um meio de eliminar a dor ou o sofrimento dos animais, os quais não podem ser controlados por meio de analgésicos, de sedativos ou de outros tratamentos.
“São casos em que o tratamento representa custos incompatíveis com a atividade produtiva a que o animal se destina ou com os recursos financeiros do proprietário”, completa Bruno Alvarenga, professor de Medicina Veterinária do CEUB – Centro Universitário de Brasília.
Segundo Alvarenga a eutanásia exige uma decisão cuidadosa dos tutores em conjunto com o corpo médico ou veterinário responsável. Ele ainda destaca os diversos aspectos envolvidos e os impactos da prática em animais.
Ela dever ser realizada com uma conduta rigorosa pelo veterinário responsável com algumas indicações principais: quando o animal representa uma ameaça à saúde pública, à fauna nativa ou ao meio ambiente; quando é objeto de atividade científica aprovada por uma comissão de ética; e quando um tratamento se torna financeiramente inviável para o proprietário.
A última indicação, conforme alerta Alvarenga, pode gerar desconforto, sobretudo quando a dificuldade se trata de conseguir atendimento em redes públicas de saúde animal.
“O veterinário não deve realizar a eutanásia de um animal se houver possibilidade de tratamento viável e se o paciente não atender às indicações estabelecidas pelo Conselho. A posse responsável e o respeito devem guiar todas as decisões relacionadas ao seu cuidado”, pontua Alvarenga.
Alguns locais oferecem suporte psicológico para tutores que passam pela perda de um animal ou pela difícil decisão da eutanásia, reconhecendo o vínculo emocional profundo que existe entre eles.
Os próprios profissionais veterinários que realizam a eutanásia também podem necessitar de apoio psicológico, dada a natureza emocionalmente desafiadora desse procedimento.
Quando um paciente é diagnosticado como terminal, o médico veterinário afirma que o objetivo passa a ser proporcionar o melhor conforto possível no tempo restante de sua vida, seja ele breve, como dias ou algumas poucas semanas, devido a uma variedade de condições, como doença oncológica, viral, ou disfunção orgânica irreversível.
O diálogo constante com os tutores é essencial para que estes compreendam o prognóstico e possam tomar decisões informadas sobre o cuidado de seu animal de estimação. A partir da opção pela eutanásia, o cuidado clínico do paciente envolve uma abordagem de enfermagem combinada com terapias medicamentosas e nutricionais.
No caso de doenças infecciosas contagiosas tratáveis, surgem debates sobre a decisão de realizar ou não a eutanásia, levando em conta fatores como o bem-estar do animal, a segurança do ambiente e a capacidade de tratamento disponível na região.
“A capacidade de tratamento pode variar significativamente entre diferentes localidades, desde cidades do interior até grandes capitais, o que influencia bastante nas decisões a serem tomadas”, finaliza Alvarenga.