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Foto: Divulgação/Valdecir Gomes

Foto: Divulgação/Valdecir Gomes

O XXII Congresso Brasileiro de Sementes (CBSementes), realizado em Foz do Iguaçu, evidenciou a importância de unir tecnologia e práticas sustentáveis para enfrentar os desafios atuais e futuros da produção de sementes no Brasil. Este evento, o maior do setor e reconhecido internacionalmente, reuniu cerca de 1.700 participantes e mais de 70 palestrantes especializados no Rafain Palace Hotel, na última semana.

Fernando Henning, presidente da Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES), promotora do CBSementes, destacou que o congresso cumpriu com excelência seu papel como agente de transferência de tecnologia e agregação de conhecimento. "A troca de conhecimento entre profissionais, a apresentação de inovações por empresas expositoras, os painéis e discussão sobre testes de sementes, biotecnologia e tratamento de sementes na indústria, além da atualização da legislação e novas regras para análise de sementes, mostram que o setor está em constante evolução", afirmou Henning.

“Eu diria que este foi um dos principais Congressos Brasileiros de Sementes já realizado. Em primeiro lugar, destaco o crescimento do evento, que dobrou de tamanho em termos de espaço técnico e científico", acrescentou ele. Um dos destaques foi a ampliação dos simpósios, que agora conta com um dia inteiro dedicado à programação técnico-científica de cada tema. No evento anterior, foram três simpósios, agora são quatro, incluindo o I Simpósio Brasileiro de Análise de Sementes, que atraiu grande público durante o dia todo.

Além disso, o Congresso Brasileiro foi palco da primeira reunião nacional das Comissões de Sementes e Mudas estaduais, uma iniciativa importante para aproximar a pesquisa e a ciência da tecnologia aplicada pelos produtores. Outro destaque foi a criação de um espaço dedicado ao Journal of Seed Science  para apresentação de artigos pelos seus autores e  os mais de 500 trabalhos das sessões posters, dos quais três foram premiados.

Fernando Henning ressaltou ainda que os simpósios tiveram uma participação grande e conseguiram preencher lacunas específicas que o congresso, de forma geral, não abordava diretamente para determinadas culturas”. “Esse é justamente o papel dos simpósios: trazer temas complementares ao que está sendo discutido no Congresso, atendendo às demandas mais específicas de cada área”, explicou.

O I Simpósio de Análise de Sementes, por exemplo, se consolidou como um fórum central para discutir mudanças normativas, inovações, novos equipamentos e atualizações na legislação. “A atualização das regras normativas foi muito bem recebida. Conseguimos unir diversos pontos em um único ambiente, respondendo de forma rápida e eficaz às demandas da cadeia de produção de sementes, o que nos deixou extremamente satisfeitos”, ponderou.

Dentre as discussões, por exemplo, na área florestal, uma das maiores demandas foi a utilização de inteligência artificial e machine learning. O mesmo aconteceu com o simpósio de sementes forrageiras, que foi extremamente produtivo, com discussão que se estendeu até às 21 horas, abordando como melhorar a qualidade das sementes, o que precisa ser feito em termos de legislação e as novas tecnologias que podem ser incorporadas nesse segmento .

Segundo o presidente da Abrates, esse tipo de discussão é essencial para o avanço do setor. Outro ponto destacado foi a discussão sobre a patologia das sementes, que se aprofundou na análise sanitária, um tema importante para garantir a qualidade e sanidade das sementes. 

No Congresso, os temas gerais abrangeram áreas de interesse mais amplas, como tratamento de sementes, inoculação, biotecnologia e edição gênica, além de armazenamento, tópicos que agradaram a todos.

Outro marco importante foi o Espaço de Avanço Tecnológico, que conta com empresas expositoras e patrocinadoras. “Esse espaço foi fundamental para o sucesso do evento, com várias empresas contratando especialistas do setor agro para ministrar palestras e compartilhar conhecimento”, destacou o presidente.

Fernando Henning destacou outro grande marco do evento: a consolidação do papel da ABRATES como elemento unificador do setor de sementes. “Acredito que cumprimos nossa missão e, mais importante, elevamos o patamar do Congresso Brasileiro de Sementes em diversos aspectos. Foi um sucesso”, resumiu.  

Foto: Divulgação/Valdecir Gomes

Espaço Journal of Seed Science

O Espaço Journal of Seed Science, uma das novidades desta edição, contou com a apresentação de nove artigos publicados no JSS nos últimos dois anos. O editor da JSS, professor Laércio Júnior Silva, destacou que as apresentações atraíram um público diversificado, incluindo acadêmicos, técnicos e profissionais do setor. "Essa interação foi muito positiva. Eles fizeram perguntas, debateram, e o objetivo do espaço foi cumprido, proporcionando uma interação maior do que simplesmente ler o jornal”, comentou o professor.

Júlia Martins Soares, doutoranda pela Universidade Federal de Viçosa, foi uma das acadêmicas que apresentou seu trabalho no Espaço JSS. Seu artigo abordou o uso da espectroscopia de infravermelho próximo na análise da qualidade de sementes de soja. "Essa tecnologia já é usada, por exemplo, para verificar o teor de óleo e proteína em grãos. Nosso objetivo foi analisar como essas composições estão relacionadas à qualidade da semente", explicou Júlia, complementando que o Espaço JSS é uma excelente oportunidade de interação. “Esse tipo de troca é essencial para o avanço da ciência aplicada”, concluiu.

Na Sessão de Pôsteres, foram apresentados 525 trabalhos, dos quais 505 foram aceitos. Três acadêmicos foram premiados: Maria Fernanda Nunes Nogueira (Graduação), Tamires Freitas da Silva (Mestrado) e Bruno Gomes de Noronha (Doutorado).

Homenagens

A Abrates prestou homenagens a algumas pessoas. O pesquisador da Embrapa Soja, que acaba de se aposentar, Ademir Assis Henning,  e a professora Maria Heloísa Duarte de Moraes, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (USP), receberam homenagens pelas suas contribuições ao setor de Ciência e Tecnologia de Sementes.

Também foi homenageada a fundadora e primeira presidente da Abrates, Odete Liberal, que estava presente no evento.  O auditório principal do evento recebeu seu nome.  O salão Espaço 2 recebeu a denominação de Flávio Rocha, in memoriam, em reconhecimento à sua relevância no ensino e pesquisa em sementes.