A história do shih-tzu Billy, diagnosticado com linfoma de alto grau em 2020, poderia ter terminado em tristeza. Mas a determinação de seu dono, o professor Edenilson dos Santos Niculau, do curso de química da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), transformou o caso em uma jornada científica inédita. Usando conhecimentos em Química de Produtos Naturais, Niculau controlou a doença do animal com plantas medicinais — experiência que deu origem a dois livros e agora impulsiona pesquisas na instituição.
Os livros “Como controlei o câncer do meu cão usando as plantas medicinais” (relato pessoal) e “Uma abordagem para o tratamento do câncer usando as plantas medicinais e seus compostos químicos” (base científica) nasceram da urgência em salvar Billy. “A resposta clínica surpreendente do meu cão me motivou a estudar o potencial terapêutico dessas plantas de forma sistemática”, explica o professor, que é vinculado ao Centro de Ciências Integradas (CCI/UFNT).
Da experiência à ciência
Com os resultados positivos no tratamento do animal, Niculau decidiu ir além: está estruturando um estudo clínico em parceria com a professora Andreia Passos, da Clínica Veterinária Universitária da UFNT, para validar o uso de extratos vegetais no combate ao linfoma canino. O projeto, que busca editais de inovação tecnológica, pretende desenvolver futuros produtos acessíveis. “Queremos transformar esse relato em patentes e soluções que beneficiem mais animais”, destaca.
Impacto na formação discente
A pesquisa, segundo Niculau, é um trampolim para a formação multidisciplinar dos alunos. “Eles aprendem técnicas químicas aplicadas à saúde animal, interagem com outras áreas e veem na prática como a ciência transforma vidas”, ressalta. O trabalho envolve estudantes de Química e Medicina Veterinária, além de colaborações com empresas dos setores agrícola e farmacêutico.
Para Niculau, a iniciativa é um exemplo de como a universidade pode aproximar conhecimento acadêmico de demandas sociais. “Billy foi minha inspiração, mas o objetivo maior é gerar evidências científicas que ajudem a salvar outros animais”, conclui.