A Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas/TO) deu mais um passo importante para a conservação e melhoramento genético de uma das espécies mais importantes da aquicultura brasileira: o tambaqui (Colossoma macropomum). Foi inaugurado nesta segunda-feira, 20, o Banco de Sêmen de Peixes Nativos, que visa conservar, por meio de congelamento, material genético de tambaquis selecionados que vem sendo formado ao longo de sete anos. Foram R$ 3 milhões investidos na formação da população de peixes com variabilidade e pureza genética.
O Banco de Sêmen gerou elogios entre as autoridades que estiveram na inauguração. “Eu sei que cada centavo aplicado na Embrapa é tratado com muito zelo, é muito bem aplicado. Hoje eu pude confirmar isso mais uma vez e continuarei trazendo recursos para a Embrapa”, elogiou o deputado federal Vicentinho Júnior, autor da emenda que garantiu recursos para a viabilização do Banco de Sêmen, que estava apenas parcialmente montado.
César Halum, secretário de Agricultura e Pecuária do Tocantins (Seagro), também parabenizou a iniciativa: “Para mim o Banco de Sêmen é importante, mas para a região do Tocantins e para a Região Amazônica ainda é mais importante. Nós precisamos consolidar o nosso peixe nativo, fazer com que ele tenha competitividade no mercado”.
Na ocasião, os parlamentares puderam retirar o sêmen do tambaqui e escrever seus nomes nas lâminas com as amostras que serão congeladas. Ao final, experimentaram petiscos feitos com o peixe.
Além da presença do deputado federal e do secretário de Agricultura do estado, também compareceram ao evento Humberto Simão, chefe da Divisão de Desenvolvimento Rural do Ministério da Agricultura; Roberto Sahium, secretário da Pesca e Aquicultura (Sepea), César Félix, superintendente da Codevasf, entre outras autoridades, parceiros e representantes do setor produtivo.
Proteção de acervo
Foto: Jefferson Christofoletti/EmbrapaSegundo a pesquisadora Luciana Shiotsuki, a Embrapa Pesca e Aquicultura vem formando uma população base de tambaqui com material genético de origem pública e privada, visando garantir variabilidade e pureza genética. “A ideia é justamente preservar o material genético desses animais, além de outras espécies nativas, antes que se percam por falta de recursos para a manutenção dos peixes”, explica a pesquisadora. “Por enquanto, ainda não conseguimos guardar o sêmen de todos os nossos reprodutores porque a capacidade estrutural que temos não nos possibilitou ainda preservar todo o material genético que temos”.
A estrutura conta atualmente com três botijões de 47 litros, capazes de armazenar até 3.960 amostras de sêmen — número que pode crescer, conforme novos equipamentos forem adquiridos.
A técnica de criopreservação do sêmen consiste no congelamento do material genético a temperaturas de 192 graus Celsius negativos, para uso futuro. Ela é apontada como uma solução eficaz para reduzir custos de manutenção dos reprodutores e evitar a perda de linhagens selecionadas. “Além disso, a prática ajuda a resolver problemas de assincronia reprodutiva, facilita o transporte do material genético e aumenta a segurança sanitária e o bem-estar animal”, detalha a pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, Luciana Ganeco.
Foco em pesquisas e inovação
O novo banco de sêmen servirá de base para pesquisas voltadas à conservação e ao melhoramento genético de tambaquis qualificados e selecionados. As investigações incluem estudos sobre qualidade espermática, desenvolvimento de diferentes métodos de congelamento e descongelamento e criação de recipientes mais eficientes para o armazenamento do sêmen.
Outro objetivo é o avanço das pesquisas na conservação de células germinativas. “Essas ações fortalecem a base científica e tecnológica necessária para novas estratégias de conservação de recursos genéticos e reprodução de peixes”, destaca Luciana Ganeco.
Banco ainda não estará disponível para produtores
Por enquanto, o banco não estará disponível para produtores, já que o material ainda está em fase de consolidação. Mas na próxima época reprodutiva do tambaqui, estão programadas novas coletas e criopreservações.
No futuro, com o banco estabilizado e protocolos de rastreabilidade definidos, será possível disponibilizar o material genético para o setor produtivo, fortalecendo os programas de melhoramento e a sustentabilidade da cadeia aquícola nacional. (Embrapa/TO)