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Economia

Foto: Freepik/@lookstudio

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O panorama das empresas verdes no Brasil revela um segmento em expansão nos últimos cinco anos, com os pequenos negócios desempenhando um papel estratégico. De acordo com estudo feito pelo Sebrae a partir de dados da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), entre 2019 e 2024, houve um crescimento de 20,4% do número de negócios verdes. O levantamento aponta a existência de 1,8 milhão de CNPJs ativos no Brasil dentro dessa classificação. A esmagadora maioria – cerca de 95,8%, ou 1,7 milhão – são de pequenos negócios (PN).

Esse conjunto de empresas - que reúne os microempreendedores individuais (MEI), as microempresas (ME) e as empresas de pequeno porte (EPP) - representam 6,7% do total de pequenos negócios no país. A classificação de empresas verdes levou em consideração referências conceituais adotadas no Brasil, a prática da economia circular e o uso coletivo, além da mensuração das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e do risco ambiental das atividades listadas no CNAE.

Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, a pesquisa confirma o papel dos pequenos negócios no combate aos efeitos das mudanças climáticas em nível local e global. "O mundo precisa levar em conta que, somados, os pequenos têm contribuição relevante a fazer nas ações de mitigação dos efeitos climáticos do setor privado. Por outro lado, há enorme potencial para oferecer soluções escaláveis de impacto na luta pela preservação do clima”, comenta.

“Garantir a presença dos pequenos entre nós significa manter todos os benefícios econômicos e sociais já conquistados: inclusão produtiva, emprego e renda com equidade e oportunidades para todos. Temos a convicção de que uma nova sociedade mais justa e integrada à natureza está nascendo, onde prevalecerão os valores fundamentais do humanismo, das pessoas e da vida, sempre com inclusão", acrescenta o presidente do Sebrae.

A força do MEI

Dentro dos negócios verdes, os microempreendedores individuais são o maior destaque, concentrando 60% das empresas nesse universo. Em termos de maturidade, os MEIs dominam as fases iniciais dos negócios (84,4% nascentes e 79,9% iniciais), enquanto as empresas já estabelecidas apresentam um equilíbrio maior entre MEI e micro e pequenas empresas (MPE), com uma divisão de aproximadamente metade para cada grupo.

Serviços e Comércio lideram

Quando se observa os segmentos de atividade, o setor de Serviços lidera, respondendo por 45,9% dos pequenos negócios verdes, seguido de perto pelo Comércio, com 40,2%. A Indústria contribui com 13%, enquanto Construção e Agropecuária somam cerca de 0,4% a 0,5%, respectivamente.

O estudo aponta que entre os diferentes CNAEs, há um domínio das atividades de manutenção e reparo. As atividades relacionadas a veículos automotores, computadores, máquinas, eletroeletrônicos e objetos pessoais e domésticos somam aproximadamente 64% do total de empresas verdes ativas. Outro segmento relevante é o de transporte coletivo e escolar, que representa cerca de 9,6% dos negócios verdes, evidenciando um perfil urbano e de serviços circulares.

Apenas as 10 atividades mais procuradas reúnem aproximadamente 79% de todas as empresas. Entre os três principais CNAEs, os destaques são: "Manutenção e reparação de veículos automotores" (35,1% das empresas), "Reparação e manutenção de computadores e de equipamentos periféricos" (9,4% dos negócios) e "Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos da indústria mecânica" (6,2%).

Concentração regional

Geograficamente, o Sudeste concentra o maior volume absoluto de pequenos negócios verdes, com São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro liderando em número de empresas. A capital paulista, por exemplo, sozinha, abriga 127.965 empresas verdes, representando 7,5% do total nacional. Rio de Janeiro e Belo Horizonte também aparecem entre os municípios com maior concentração.

No entanto, ao analisar a "intensidade verde" – a proporção de empresas verdes em relação ao total de negócios em cada localidade – o Centro-Oeste e partes das regiões Norte e Sul se destacam. Estados como Mato Grosso (8,5%), Mato Grosso do Sul (8,3%) e Rondônia (8,3%) apresentam uma maior proporção de negócios verdes em suas economias locais, indicando um perfil mais "verde" em sua composição empresarial. (ANS)