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Análise Econômica

Foto: Divulgação

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As projeções mais recentes do mercado financeiro indicam que a taxa básica de juros deve iniciar um movimento de queda ao longo de 2026, com estimativas apontando para um encerramento próximo de 12,25%, segundo o Boletim Focus. Um levantamento da Febraban mostra que 85,7% das instituições financeiras esperam que os primeiros cortes ocorram já no primeiro trimestre, o que pode alterar significativamente o comportamento dos investidores que hoje mantêm grande parte de seus recursos em produtos pós-fixados.

Por outro lado, a antecipação do mercado à queda da Selic tende a abrir espaço para a valorização de ativos prefixados, títulos atrelados à inflação e operações de crédito privado, ao mesmo tempo em que reduz o retorno de quem continuar concentrado apenas no CDI.

Para Claudiner Sanches Junior, assessor de investimentos da WFlow, esse movimento exige preparação prévia. Segundo ele, a curva de juros costuma reagir antes das decisões oficiais do Banco Central, o que significa que esperar demais pode fazer o investidor perder o melhor momento da transição. “Quando o mercado começa a precificar a queda, os ativos sensíveis aos juros se movimentam primeiro. Prefixados e IPCA+ tendem a se valorizar antes dos cortes. Por isso, aguardar o início do ciclo pode significar abrir mão de oportunidades importantes”, afirma.

No entanto, Sanches observa que a mudança de estratégia deve ser gradual, respeitando o perfil de risco e o horizonte de cada investidor. A orientação é reduzir, aos poucos, o peso excessivo dos pós-fixados e introduzir posições em títulos prefixados curtos, papéis atrelados ao IPCA e crédito privado de boa qualidade, ampliando, posteriormente, a exposição a multimercados e uma fatia moderada em renda variável.

Segundo o especialista, essa transição por etapas permite capturar a valorização típica de ciclos de queda da Selic sem elevar demais o risco. “É uma migração que precisa ter método, com limites muito claros por classe de ativo. Assim o investidor diversifica, mas não se expõe de forma desnecessária”, explica.

Manter a carteira completamente concentrada em pós-fixados, diz o assessor, traz riscos evidentes em um ciclo de juros descendente: perda de rentabilidade, já que o CDI acompanha a trajetória da Selic; custo de oportunidade, pela não participação na valorização de prefixados e IPCA+; e eficiência reduzida no longo prazo, já que a carteira fica presa a retornos cada vez menores.

“O problema não é o pós-fixado, mas o excesso dele. Em ciclos como o que se desenha para 2026, quem não diversifica geralmente fica para trás”, avalia.

Planejamento para atravessar o ciclo de queda 

Para aproveitar o novo cenário sem extrapolar limites, Sanches orienta atenção especial ao duration, à volatilidade e às metas de longo prazo. Títulos mais longos oscilam mais e só fazem sentido para quem pode carregar até o vencimento. Já a volatilidade natural de prefixados e IPCA+ exige disciplina, e não decisões impulsivas.

Por fim, cada movimento deve estar conectado aos objetivos do investidor, evitando trocas motivadas por modismos ou expectativas irreais. “Planejamento é o que impede o comportamento de manada. Com método, o investidor atravessa a transição com segurança, aproveitando o melhor da queda dos juros sem assumir riscos excessivos”, conclui.