Procurar um cardiologista quando se tem menos de 40 ou até 20 anos é algo com que pouca gente se preocupa. Afinal, o infarto seria um problema quase exclusivo dos idosos, certo? Errado. Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas entre 2022 e 2024, mais de 234 mil atendimentos a pessoas com menos de 40 anos foram relacionados a doenças cardíacas. E, de acordo com levantamentos do próprio ministério, nos últimos três anos, mais de 156 mil procedimentos ambulatoriais e hospitalares por infarto agudo do miocárdio foram realizados só no público masculino com até 40 anos no país.
Excesso de pressões que resultam em estresse e ansiedade, má alimentação, falta de atividade física e hábitos nada saudáveis, como o uso de cigarros eletrônicos (pods/vapes), estão entre os principais fatores que comprometem a saúde do coração de pessoas cada vez mais jovens. O último Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III) mostra que 8,7% dos jovens já fazem uso de vapes, um número que preocupa especialistas.
Para o cardiologista Dr. Henrique Furtado, o estilo de vida contemporâneo tem papel central nesse cenário. "A boa notícia é que a maior parte dos fatores de risco é totalmente evitável. Pequenas mudanças de rotina, como controlar o estresse, reduzir o consumo de substâncias prejudiciais, adotar uma alimentação equilibrada e praticar exercícios regularmente, já diminuem de forma significativa as chances de um problema cardiovascular no futuro. O maior desafio é a conscientização das pessoas sobre a importância de cuidar da saúde do coração", afirmou.
O médico reforça ainda que a prevenção deve começar cedo. "Sintomas como cansaço excessivo, palpitações, dor no peito e falta de ar não podem ser ignorados, mesmo entre pessoas jovens e aparentemente saudáveis. Quanto antes o acompanhamento começar, melhor", acrescentou o especialista. Vale lembrar que consultas preventivas não são exclusivas de quem já tem doença cardíaca, elas servem justamente também para evitar o surgimento de problemas. (Precisa/AI)

