Para minimizar uma das principais preocupações dos produtores rurais - o escoamento da safra no período de comercialização -, o governo pretende, a partir do fim de 2008, deslocar parte da produção agrícola tradicionalmente embarcada nos portos do Sul e Sudeste, principalmente em Paranaguá (PR) e Santos (SP), para o Porto do Itaqui, no Maranhão.
A idéia é que boa parte das safras de Mato Grosso, sul do Pará, Tocantins, norte de Goiás, sul do Piauí, sul do Maranhão e oeste da Bahia seja direcionada para Itaqui, que receberá investimentos do governo para ampliar a capacidade.
Hoje, Itaqui tem capacidade para embarcar 1,8 milhão de toneladas de grãos por ano, pouco para um País que produzirá cerca de 130 milhões de toneladas de grãos na safra que começa a ser colhida em fevereiro. Exportar pelo Norte é alternativa que reduz o tempo de viagem do produto e pode baratear o frete.
Segundo o diretor do Departamento de Infra-Estrutura e Logística, Biramar Nunes de Lima, do Ministério da Agricultura, um navio que sai de Itaqui chega à Europa 7 ou 9 dias antes do que um que sai de Santos ou Paranaguá. A redução de tempo reflete-se no bolso do produtor. Para cada saca de soja exportada por Itaqui, há economia, no frete, de R$ 1,50 a R$ 2. "A diferença de R$ 1, R$ 1,50 ou R$ 2 na saca de soja às vezes é o lucro que o produtor tem."
O governo afirma que fará investimentos para elevar a capacidade de Itaqui para embarque de 6 milhões de toneladas de soja e derivados no fim de 2008. Entre 2011 e 2012, a demanda para escoamento deve chegar a 12 milhões de toneladas. "Quando chegar esse momento, em se tratando de produtos agrícolas, Itaqui deve ser mais importante do que Paranaguá", disse Lima.
O otimismo não é compartilhado pela iniciativa privada. "Não podemos confiar no governo. A construção do Terminal de Grãos (Tegram) está atrasada em ao menos três anos", lembra Luiz Antônio Fayet, consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil para Assuntos de infra-estrutura.
Lima disse que não faltará dinheiro para ampliar a capacidade de embarque de Itaqui. Está prevista liberação de R$ 110 milhões para a primeira fase das obras, recurso previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Nessa fase, serão necessários R$ 220 milhões.
Os R$ 110 milhões restantes viriam da iniciativa privada, possivelmente uma multinacional, que construirá um terminal para estocar grãos. Lima reconhece a lentidão do governo. "Há tempo estamos trabalhando nisso. Sei que as coisas já deveriam ter ocorrido." O investimento privado para construção do Tegram deve demorar 10 meses para ser concluído.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo (AE)