Um estudo minucioso, com inspeções e auditorias no local, será realizado pelo Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, juntamente com os estados de Tocantins, Bahia, Maranhão e Piauí para a retirada da zona tampão do território tocantinense. A decisão foi acertada na tarde desta segunda-feira, 19, em reunião no auditório da Seagro – Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Palmas.
O secretário nacional de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, que presidiu o encontro, afirmou ser importante o interesse do Tocantins em retirar a zona tampão do território estadual, mas o processo não pode ser realizado de maneira que arrisque a sanidade do rebanho e coloque a perder tudo o que já foi conquistado pelo Estado, que está há onze anos sem registrar foco de febre aftosa. “É necessário que os estados vizinhos (Maranhão e Piauí) equiparem seus status sanitários com o do Tocantins e da Bahia, reconhecidos como zona livre de febre aftosa com vacinação”, pontuou.
Kroetz propôs, então, que os quatro estados envolvidos, juntamente com as Superintendências Federais de Agricultura de cada Estado desenvolvam um estudo minucioso que embase cientificamente a retirada da zona tampão. O estudo deve ser apresentado na próxima reunião, que deverá acontecer em um município impactado com a área de proteção. O encontro ainda não tem dia definido, mas ocorrerá em junho.
“No encontro, vamos ver os trabalhos desenvolvidos pelos estados até aquela data e vamos definir um cronograma de atividades, visando à eliminação da zona tampão, mas embasado no conhecimento científico e com o uso de ferramentas técnicas”, explicou Kroetz.
Para o presidente da Adapec – Agência de Defesa Agropecuária do Tocantins, Humberto Camêlo, o resultado da reunião foi positivo, já que foi marcado novo encontro. Desta vez, dentro da zona tampão, verificando a situação daqueles municípios ‘in loco’. “Esperamos, com isso, que o debate vá evoluindo, até chegarmos, enfim, no nosso objetivo, que é o fim dessa área”, disse.
O diretor da Aged – Agência de Defesa Agropecuária do Maranhão, Sebastião Anchieta, completou dizendo que o Maranhão, status de médio risco, tem trabalhado para melhorar o status sanitário do Estado. A intenção é passar para área de baixo risco e depois para área livre de febre aftosa com vacinação, como o Tocantins. “Fizemos um estudo, junto com o Mapa, para que possamos sofrer uma nova auditoria e depois realizar um novo inquérito soroepidemiológico”, disse o diretor, acrescentando que o índice de cobertura vacinal do Maranhão, realizado na última campanha, foi de 94,38%.
Já o secretário de Agricultura do Estado do Piauí, Elcio Martins, reconheceu as dificuldades do seu Estado, considerado área de risco desconhecido, ou seja, não tem o número exato do rebanho, não tem cadastro dos produtores, e ainda não tem equipe veterinária estruturada para enfrentar um foco de febre aftosa. “Temos trabalhado para sair desse status. O Estado tem feito concursos e realizado o cadastro. O Tocantins está de parabéns pela sua atuação, onde alguns municípios têm 100% de cobertura vacinal”, afirmou o secretário, completando que o rebanho piauiense é criado de forma extensiva em terras de desconhecidos, dificultando a identificação dos pecuaristas e assim a sua responsabilização pelo não cumprimento da vacinação. Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o rebanho piauiense chega a 1,8 milhão de cabeças. O índice de cobertura vacinal da última campanha foi de 74,23%, muito aquém do preconizado pelo Mapa, que é de, no mínimo, 90% de cobertura.
Encontro
Também participaram da reunião o secretário da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Tocantins, Roberto Sahium; o deputado estadual Sandoval Cardoso; o presidente da Faet – Federação da Agricultura do Tocantins, Júnior Marzolla. Do estado da Bahia, o diretor da Adab - Agência de Defesa Agropecuária da Bahia, Altair de Oliveira.
Zona Tampão
É uma área estabelecida para proteger o status sanitário dos animais da zona livre de uma determinada doença, no caso do Tocantins, contra a febre aftosa. É composta por Barra do Ouro, Goiatins, Campos Lindos, Recursolândia, Lizarda, São Félix e Mateiros. Os municípios foram escolhidos por fazerem limite com áreas de status sanitário inferior ao Tocantins, como os estados do Maranhão, médio risco, e Piauí, risco desconhecido.
A área tem 38.195,12 km² de extensão e 2.814 propriedades rurais cadastradas, das quais 2.135 com rebanho. Na última campanha de vacinação contra a febre aftosa, realizada em novembro de 2007, o índice de cobertura vacinal na região foi de 98,88% de um rebanho de 125.040 bovídeos.
Fonte: Secom