O ministro das Cidades, Márcio Fortes, atribuiu à Caixa Econômica Federal a responsabilidade pela assinatura dos contratos e fiscalização das obras de saneamento e habitação alvos da operação João de Barro, da Polícia Federal.
"A Caixa tem que controlar seus funcionários. Qualquer coisa que tenha havido nas prefeituras é com quem assinou os contratos. É comigo? Não. O contrato é assinado com a Caixa", disse Fortes, tentando eximir sua pasta de participação no esquema de fraude em contratos e desvio de recursos públicos de obras com verbas federais, parte delas incluída no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Depois de demitir dois funcionários suspeitos de integrarem a quadrilha, Fortes disse que é preciso apurar a participação de servidores da Caixa na fraude. Ele justificou dizendo que paga até 2,5% das obras para a Caixa analisar projetos, fiscalizar e monitorar as ações programadas pelo ministério.
Por meio da assessoria de imprensa, a CEF disse que não se manifestará sobre o assunto e limitou-se a informar que não foi procurada pelas autoridades e que está à disposição para qualquer esclarecimento.
Na operação, deflagrada na sexta-feira, 20, a PF identificou que a quadrilha executava as obras de saneamento e de construção de casa popular com padrão de qualidade inferior ao previsto no projeto original. Segundo as investigações, R$ 700 milhões teriam sido repassados pela União a 119 cidades.
Os repasses para emendas e convênios investigados e que foram suspensos somam R$ 2 bilhões. Deputados, prefeitos, empresários, lobistas e funcionários de prefeituras e do Ministério das Cidades foram identificados como integrantes do esquema.
"Qualquer montagem na ponta só pode ser com funcionário da Caixa. É alguém que atesta obra de baixa qualidade como se fosse de boa qualidade. Não é funcionário meu", alegou o ministro.
Ele afirmou que é com a CEF que municípios e Estados assinam os contratos e que autoriza os pagamentos conforme o nível de execução das obras.
No Tocantins a capital Palmas também foi alvo da operação João de Barro envolvida nas investigações.
Folha Online