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Nesta entrevista ao Conexão Tocantins, o prefeito licenciado e candidato à reeleição, Raul Filho (PT), diz que hoje é mais maduro que há três anos e diz o que o levou a decretar o estado de emergência quando assumiu a prefeitura. Raul fala também da sua decisão de concorrer à reeleição, da sua relação com o governador Marcelo Miranda (PMDB) e da rejeição ao seu nome.

Confira a entrevista:

CT- Qual a diferença do prefeito Raul Filho, que assumiu a Prefeitura da Capital há 3 anos e meio, do prefeito de hoje?

RF – São basicamente duas as diferenças. A primeira é que após três anos e meio no comando do Executivo Municipal eu conheço mais e melhor as demandas, as possibilidades e os problemas existentes, por tanto hoje estou melhor preparado do que há três anos e meio. Se bem que àquela época nós também tínhamos noção do que teríamos pela frente e do trabalho que precisava ser desenvolvido. A segunda é que, faz parte do processo natural, o amadurecimento com o passar do tempo. O Raul Filho, prefeito de Palmas é hoje um homem mais maduro do que há 3 anos e meio. Hoje, depois de tudo o que enfrentamos aqui e que demos conta de resolver ou pelo menos encaminhar, temos mais serenidade e clareza para nossas decisões.

CT – O Senhor sempre compara a condição em que encontrou a Prefeitura quando assumiu, a um carro atolado, com os quatro pneus furados e o motor fundido. Foi isto que o forçou a decretar estado de emergência nos primeiros meses de governo?

RF – Eu assumi a Prefeitura em 1º de janeiro de 2005, após dois meses que minha antecessora havia demitido mais de quatro mil famílias. Eu recebi a Prefeitura sem projetos para captação e recursos, sem recursos em caixa e endividada, e ainda sem apoio da bancada federal. Eu tinha que fazer alguma coisa para que pelo menos os serviços essenciais fossem mantidos, por que eu entendo que a população não pode pagar pelo ônus político. Por isto decidimos pelo decreto de emergência. Ai sim, conseguimos limpar a cidade, negociar com as empresas de energia, água e telefone, manter escolas e rede de saúde funcionando, dentre outros serviços.

CT - Durante o lançamento da pré-candidatura o senhor afirmou que não vê a hora do debate chegar para que possa fazer o comparativo das obras do seu governo com a gestão passada. O que o faz tão confiante?

RF – Na nossa gestão, optamos por prestar serviços e realizar obras que realmente representem ganho na vida da população. Entendemos que este é o dever de qualquer governante. Por isto, tudo o que realizamos foi com qualidade e responsabilidade e principalmente, tivemos o cuidado de zelar pela cidadania de cada palmense. Um exemplo disso é o nosso investimento na educação infantil. Abrimos mão de manter creches ou qualquer outro programa que significasse apenas ficar com as crianças numa espécie de berçário enquanto as mães precisassem trabalhar, para criar os Centros de Educação Infantil, locais adequados, pedagógico e psicologicamente para a socialização e iniciação das crianças no contexto escolar. As crianças saem dos CEI’s já alfabetizadas. O atendimento começa aos quatro meses e segue até os seis anos, com acompanhamento médico, nutricional e psicológico, sendo reconhecido pelo Ministério da Educação como modelo para o País. O mesmo acontece com nosso sistema de Ensino Integral, para o qual desejamos migrar toda a rede. Em nossa gestão também melhoramos a saúde pública, tornando o atendimento mais humanizado, a ponto de sermos hoje referência para outras cidades e estados vizinhos. Dotamos a cidade de infra-estrutura, com asfalto de qualidade, galerias para escoamento das águas, duplicação das principais avenidas, estruturação dos setores Eco-industrial e Industrial de Taquaralto, implantamos o IPTU progressivo. Enfim, Palmas hoje é uma cidade fortalecida e consolidada, onde os cidadãos e cidadãs se sentem seguros na relação com o poder público, diferente do que aconteceu quando aqui chegamos em 2005, época em que encontramos uma Prefeitura endividada, sem projetos e com mais de 4 mil famílias demitidas.

CT- O senhor foi muito criticado quando parou de irrigar os jardins com os caminhões pipa. No último dia 28 de junho o senhor inaugurou o sistema automatizado de irrigação dos jardins da Capital, fazendo de Palmas a única cidade brasileira com este sistema que se assemelha ao que foi implantado em Orlando, na Flórida (EUA). Esta é uma das três grandes obras de seu governo.

RF: Esta é mais uma das obras de nosso governo, que traduz principalmente o nosso respeito pelo contribuinte e pela aplicação dos recursos públicos. Nossa geografia nos permite com mais facilidade a implantação do sistema, que além de embelezar a nossa Capital, proporciona equilíbrio à manutenção dos jardins e ainda oferece segurança aos usuários do trânsito. Mas na verdade, não gosto de enumerar as obras e serviços feitos por nossa administração. Cada um tem um importante valor e cada ação, cada obra faz parte de um conjunto que tem a finalidade principal de oferecer melhor qualidade de vida aos palmenses.

CT – O deputado Eli Borges (PMDB), durante a pré-candidatura dizia que sofria um bombardeio por parte da imprensa. O senhor se acha alvo deste bombardeio também?

RF: Primeiro eu precisava saber a que tipo de bombardeio você se refere... Mas de qualquer forma eu não me sinto bombardeado por parte de nada e nem de ninguém.

CT – O senhor vinha alimentando uma indefinição quanto a ser candidato à reeleição. Entretanto quando já diziam que estava encurralado o senhor patrocinou uma blitz que pegou a todos de surpresa. Em apenas 7 dias anunciou que iria concorrer e articulou o fechamento do bloco força popular saindo fortalecido politicamente. A articulação dos 7 dias foi um caso pensado?

RF: Eu procuro ter a máxima responsabilidade com o mandato para o qual fui eleito e por isto uma das minhas opções foi só anunciar a pré-candidatura já num período bem próximo à convenção. Mas a articulação política é rotina. Faz parte das nossas vidas. Todos os dias estamos em contato e estamos analisando as diversas possibilidades. Eu não colocaria como caso pensado, mas diria que a articulação que se sobressaiu nos sete dias, como você bem colocou é o fruto de um trabalho amadurecido e reconhecido por aqueles que estão ao meu lado e vêem o que está acontecendo em Palmas.

CT – O presidente regional do PT, Donizeti Nogueira disse que as articulações para a vinda do presidente Lula, provavelmente em agosto, para inauguração da Escola de Tempo Integral estão sendo feitas diretamente com o Palácio do Planalto. Na semana passada o senhor disse em entrevista que o presidente lhe garantiu que virá. O presidente terá grande capacidade de transferência de voto para o senhor?

RF: Olha, em conversa com o presidente Lula, ele me disse que teria muito prazer em vir a Palmas e o nosso presidente regional do PT, Donizeti Nogueira, certamente ta fazendo estas articulações em Brasília. Quanto ao poder de transferência de votos do presidente, isto é inegável. O presidente Lula sempre esteve muito bem avaliado pela população brasileira e esta avaliação positiva foi confirmada em recente pesquisa do Ibope. E somos do mesmo partido, temos uma linha de trabalho e de pensamento convergente.

CT – A declaração de respeito mútuo entre o senhor e o governador Marcelo Miranda (PMDB) foram mútuas ao longo deste ano em várias oportunidades. O que acha que faltou para que a aliança entre os senhores se concretizasse?

RF: O respeito mútuo independe da aliança política, pelo menos é isto que penso. Nós divergimos sobre a composição para a eleição, mas não nos desrespeitamos e espero que isto não venha a acontecer nunca. De minha parte, fiz o que foi possível para que fôssemos juntos para esta eleição, mas esta não foi a decisão dele, então eu estou seguindo com o grupo que me apóia e que acredita no meu trabalho.

CT – Em relação ao PMDB o senhor disse só tem respeito e agradecimento pelo tempo que conviveram juntos. Se o senhor obtiver êxito no pleito de outubro o partido poderá ser chamado para ser parceiro de um eventual segundo mandato?

RF: Graças a Deus o nosso convívio é de harmonia com todas as forças que se empenhem pelo progresso e bom desempenho desta cidade e do Tocantins. Se na hipótese de um segundo mandato, houver a necessidade de uma composição com o PMDB esta composição será feita sim.

CT – Percebe-se nos encontros entre o senhor e a população uma relação de carinho e uma troca calorosa de energia, entretanto a mídia tem divulgado que existe um percentual considerado de rejeição ao nome do senhor quando se trata de reeleição. A que se deve esta contradição?

RF: Bom, eu não questiono resultados de pesquisas e se a mídia divulga esta rejeição com base em pesquisas não será desta vez que vou contestar. Talvez a gente possa atribuir esta eventual rejeição ao fato de eu estar no governo. É o comum para quem está no exercício do mandato. Ainda não fomos avaliados como candidato, por tanto, vamos dar tempo ao tempo.

CT – Qual a principal meta do senhor caso consiga se reeleger e qual mensagem quer deixar para os palmenses?

RF: Nós precisamos continuar agindo sobre os problemas emergenciais e estruturais da cidade, que hoje são poucos e, principalmente, dar o passo presente rumo ao futuro de crescimento planejado, gerando novos empregos, gerando uma economia forte, que vai demandar novos serviços, mais projetos da prefeitura e, sempre, uma maior qualidade de vida nesta nossa Palmas.

 

Umberto Salvador Coelho