Interpelado criminalmente pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO) para esclarecer a suspeita de ela ter recebido propina para favorecer o empresário Eike Baptista em suposta briga empresarial com o banqueiro Dantas pelo controle de portos, Arthur Joaquim de Carvalho responsabilizou a Polícia Federal pelo equívoco. Carvalho, que é cunhado de Dantas, alegou que os questionamentos dos advogados da senadora são "fruto de deturpação unilateral de supostas conversações registradas, de forma parcial, e, sobretudo, não contextualizada".
A acusação veio a público no mês passado, em meio ao vazamento de trechos de escutas feitas pela PF na Operação Satiagraha e que mostrariam o envolvimento de senadores com o suposto esquema do banqueiro. Em um dos grampos, Carvalho diz ao lobista Guilherme Martins que recebeu "informação de que ela (a senadora) estava recebendo R$ 2 milhões da OAS (empreiteira baiana)". Na interpelação, Kátia indaga se é a ela que se referem na conversa e quer saber que elementos possuem para "propagar a calúnia".
"A resposta de Carvalho satisfaz a mim e a meus advogados. Está claro que eu não tenho nenhum envolvimento com qualquer esquema criminoso", disse Kátia ontem, 20 dias depois de discursar às lágrimas, no Senado, em protesto contra as suspeitas. Para ela, Carvalho "jogou a responsabilidade para a Polícia Federal" para não lhe dar "instrumentos" para processá-lo.
No texto de 11 linhas em que se reportou à Justiça, Carvalho conclui que considera Kátia "vítima de excessos e descomedimentos da Polícia Federal, que serão proclamados e reconhecidos" pelo Poder Judiciário".
Foi Kátia quem relatou medida provisória que flexibiliza o limite de cargas para os terminais privados. O Opportunity, de Dantas, controla a Santos Brasil, que atua no Porto de Santos (SP).
Fonte: O Estado de S. Paulo