Segundo estudo da AT Kearney, o sistema de financiamento automotivo brasileiro pode ter semelhanças com o sistema de crédito imobiliário (subprime) norte-americano.
De acordo com o relatório, a transferência de riscos que distorceram os incentivos e forneceram o combustível para a crise do subprime norte-americano não é encontrada no Brasil. Contudo, a dependência da garantia real para a manutenção do sistema seria a grande semelhança entre os dois modelos.
Para o consultor de práticas de serviços financeiros da consultoria AT Kearney, autor do estudo, Clécio Dias, o problema e a conseqüente semelhança com a situação ocorrida nos Estados Unidos estaria na fragilidade que a garantia real representa.
Como exemplo, ele cita em seu artigo o financiamento de automóveis a prazos muito longos, quando, segundo ele, podem ser observadas curvas distintas para a amortização do financiamento e a depreciação do veículo. "Doze meses após sua compra, um veículo retém, em média, 78% de seu valor original. Um financiamento de 60 meses, por sua vez, ainda terá 89% de seu valor a ser amortizado."
Crescimento econômico
Apesar da conclusão alarmante, Dias deixa claro em seu estudo que é improvável que o Brasil enfrente grandes problemas enquanto a economia estiver crescendo a taxas de 5%. Entretanto, para ele, assim como aconteceu no subprime norte-americano, a estabilidade do mercado fica refém de um cenário único. "Lá, a valorização imobiliária constante; aqui, o crescimento econômico constante", afirma o consultor.
Para o presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), Sérgio Reze, o sistema de financiamento automotivo brasileiro é sólido e seguro e não tem nenhuma semelhança com o sistema de hipotecas norte-americano.
Ele destaca ainda que o sistema bancário brasileiro para aprovação de crédito seria muito rigoroso. "Não há nenhuma semelhança entre os dois sistemas. Não há riscos, pois compete aos bancos a aprovação do crédito e é um cadastro muito rigoroso".
Mercado
Segundo dados divulgados pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), nos sete primeiros meses do ano, foram vendidos 1,695 milhão de veículos, o que representa alta de 30,4% frente ao mesmo período do ano passado (1,299 milhão de unidades).
No que diz respeito à inadimplência nos financiamentos de automóveis, conforme dados divulgados pela Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), esta chegou a 3,56% em junho, mostrando uma alta de 0,33 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2007, quando atingiu 3,23%.
"A inadimplência registrada no período vem apontando um leve declínio, além de estar abaixo do índice de 7%, correspondente a inadimplência do total do crédito concedido a pessoas físicas", afirma o presidente da Anef, Luiz Montenegro. (Fonte: InfoMoney)