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Polí­tica

Foto: José Cruz/ABr

Foto: José Cruz/ABr

O resultado da eleição em São Paulo, com Marta Suplicy (PT) atrás de Gilberto Kassab (DEM), traz um cenário novo para o presidente Lula. Como não conseguiu transferir seus 80% de popularidade para sua candidata na maior cidade do país, Lula terá até mesmo de repensar a candidatura – dada como certa – da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República em 2010.

A avaliação sobre esse novo dilema colocado no colo do presidente Lula é do cientista político Alexandre Barros, da consultoria Early Warning. "Isso deve ter surpreendido o presidente e terá um efeito para a política nacional e o cenário da disputa presidencial em 2010", avalia Alexandre. "O resultado da Marta mostra que, pelo menos por enquanto, a transferência de votos não é tão fácil assim, como o presidente imaginou", argumenta ele.

Para Alexandre Barros, o fato de o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) ter levado para o segundo turno a eleição em Belo Horizonte (MG) é outra demonstração de que as eleições de ontem (domingo, 5) frustraram quem apostou em sua capacidade de transferir votos. Na capital mineira, contrariando todas as expectativas, o governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito Fernando Pimentel (PT), não conseguiram garantir a vitória de Márcio Lacerda (PSB) no primeiro turno.

A força de Serra

O desfecho do primeiro turno em São Paulo também traz, segundo Alexandre Barros, uma marca mais forte de ambigüidade mais forte para o governador José Serra e o PSDB. "Não acho que ele sai fortalecido, pois a decisão dele reflete dois cenários bem definidos. O de que ele fez bem em não apoiar o candidato do seu partido e de que ele, como é tradição do PSDB, ficou em cima do muro", diz.

"Serra sai com a marca de ambíguo e só dará para saber a opinião do eleitor quando ele for candidato, ou seja, isso é imprevisível por enquanto", avalia. O cientista político usa uma história sobre a indecisão dos tucanos para ilustrar sua tese. "Dizem que Mário Covas entrou certa vez num banheiro apertado e não sabia se usava o mictório da esquerda ou da direita. Acabou urinando no chão", diz.

Já Octaciano Nogueira, professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), acha que Serra sai mais fortalecido justamente porque Aécio Neves, outro cacique do PSDB, levou uma "bordoada" que não esperava com o resultado de Márcio Lacerda (PSB). "Essa é a grande novidade da eleição. Em São Paulo, o resultado já estava previsto", acredita o professor da UnB.

Morte do carlismo

Na opinião de Octaciano Costa, os resultados da eleição também confirmam o que ele chama de "crônica da morte anunciada" do DEM. Nas projeções do cientista político, o partido deverá sair do terceiro lugar no número de prefeitos em todo o Brasil para quarto ou até mesmo quinto lugar, atrás inclusive do PP.

"No início do governo Lula, o PFL tinha o maior número de cadeiras no Senado. As alianças políticas e abertura do governo feita pelo presidente Lula começaram a acabar com o partido", lembra Octaciano. Como a vitória de Kassab ainda está indefinida, o professor da UnB considera que o partido também encolheu nas capitais e principais cidades do país. Hoje, o DEM está à frente de duas prefeituras de capitais: São Paulo, com o próprio Kassab, e Rio de Janeiro, com César Maia.

O professor acrescenta que a derrota do deputado ACM Neto (BA), que não conseguiu ir para o segundo turno em Salvador, mostra que "o carlismo está sendo varrido". "Não adiantou nada o partido trocar de nome, aliás, a situação só piorou depois disso", acredita Octaciano Nogueira.

 

Fonte: Cogresso em Foco