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Foto: Divulgação

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A determinação e a perseverança de Marisé Lemes da Luz, funcionária pública federal e proprietária de pequena propriedade rural no município de Paraíso do Tocantins, a 60 quilômetros de Palmas, fizeram dela a primeira e única presidente da Associação dos Mini e Pequenos Produtores Rurais do Vale do Córrego Campo Alegre e Apicultores (Apevale). Ela foi reeleita para o cargo, por seis vezes consecutivas.

A trajetória de Marisé como presidente da Apevale lhe rendeu o Prêmio Mulher de Negócios 2008 pela Região Norte, na categoria 'Grupo de Produção Formal'. A premiação é uma iniciativa do Sebrae e instituições parceiras, com o objetivo de valorizar o empreendedorismo feminino, tanto em termos de atuação individual quanto coletiva.

“Só de ter sido vencedora desse prêmio no Centro-Oeste já deu um reforço à associação e até mesmo ao município”, afima. “Mostra que estamos no caminho certo. Há muito o que se fazer na área rural, que precisa de gente que tome a rédea”, acrescenta. Marisé faz questão de compartilhar a premiação com os amigos e associados, como Núcia Helena, Ireni Borges, Maria Luiza, Dr. Lailson, Ribamar, Leandro Lemes e todos que formam a família Apevale.

Militância rural

Agricultores familiares e pequenos proprietários rurais da região de Paraíso do Tocantins a conhecem ou, no mínimo, já ouviram falar de Marisé. Durante parte do dia ela é funcionária pública federal, exercendo o cargo de coordenadora da policlínica da cidade, que conta com 24 especialistas e 20 funcionários. Em outra, ela atua como uma espécie de militante em prol do desenvolvimento dos pequenos agronegócios rurais na região.

Em 2001, ela e cinco produtores rurais fundaram a Apevale. A produção de leite era a principal atividade produtiva da região. Marisé e os associados desenvolveram diversas ações visando a geração de renda, a inclusão social e o desenvolvimento da região. Aos poucos a entidade foi recebendo novas adesões.

“Na fase da organização do grupo foi muito difícil colocar na cabeça das pessoas que trabalhar em conjunto era melhor para todos”, conta ela. As ações da Apevale são baseadas na transparência, na honestidade, no companheirismo e a na busca do bem coletivo, destaca a presidente.

A entidade realizou mutirões para abrir estradas, realizar curso para tratoristas, de processamento de frutas, conservas de pequi, lavouras comunitárias de arroz, produção de queijos e derivados do leite, entre outros. As mulheres dos produtores eram o público-alvo das ações da entidade. O objetivo é que elas passasse a ter renda própria.

Em 2003, apicultores de Paraíso do Tocantins, beneficiados pelo programa de geração de renda do governo estadual, e que haviam participado de curso sobre a atividade, aderiram à Apevale. Tratava-se de grupo de 35 pessoas que recebeu um kit contendo dois macacões, um fumegador, quatro colméias com oito melgueiras e um quilo de cera.

“Foi um desafio organizar essas pessoas que se encontravam dispersas”, comenta Marisé. Vários equipamentos estavam guardados ou abandonados. “ A maioria não queria assumir a apicultura. Estavam acostumados a trabalhar com o leite”, justifica.

A participação em eventos, feiras e congressos sobre apicultura abriu a cabeça dos associados. “Foi muito importante sair daqui e ir conhecer a experiência de outros lugares”, ressalta a presidente. A unidade do Sebrae em Tocantins foi a grande parceira e apoiadora da Apevale, em todos os momentos, reforça Marisé.

Conquistas e desafios

Em 2004, o volume de mel produzido pelos associados já exigia estrutura para processar o produto. Nessa época, a filiação da instituição chamada Gaia, integrante do Grupo de Trabalhos Amazônicos (GTA) no Tocantins, trouxe a solução. O GTA abriu a possibilidade de apoio financeiro de até R$ 3 mil para projetos das afiliadas. Desse modo, a Apevale conseguiu adquirir uma centrífuga para 32 quadros, um tanque decantador do mel e uma mesa desoperculadora para 32 quadros e dois baldes.

Local para a instalação dos equipamentos foi outro desafio, diz ela. Um cômodo na casa de Valdeci Alves de Oliveira, um associado da Apevale, foi disponibilizado. Em setembro de 2004, o mel começou a ser processado. Foi criado um rótulo para colocar o produto no mercado. O processamento do mel foi feito por dois anos nesse espaço.

Em 2007, os associados tiveram de arrumar outro espaço para a atividade. O novo local foi adequado de acordo com as normas sanitárias para o processamento. O selo de Inspeção Sanitária Municipal foi oibtido.

O projeto Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) do Banco do Brasil contemplou a associação com recursos para a construção da casa do mel, que funcionará como entreposto numa área de 166 metros quadrados. O governo tocantinense doou uma máquina envasadora de mel à entidade, que está sendo licitada, no momento.

A estrutura montada é usada pelos apicultores, com agendamento prévio. “Estamos montando ponto de venda no centro da cidade de Paraíso do Tocantins em parceria com outras três associações locais: dos produtores de leite e derivados; dos artesãos; e dos engenheiros de alimentos”, informa.

Campanhas sobre o valor nutritivo do mel é feita nas escolas. “A importância do cooperativismo também é abordada nas palestras, citando as abelhas operárias como exemplo.

Durante três anos, os associados da Apevale forneceram frutas, legumes, horaliças e mel para a merenda escolar em Paraíso do Tocantins. Devido ao convênio assinado entre a prefeitura e o Ministério da Saúde, esse fornecimento foi interrompido, lamenta Marisé. “Todas compras para a merenda escolar agora têm de ser licitadas ", explica. Esse fato está deixando os estudantes sem alimentação saudável e nutritiva, segundo ela. E os associados ficaram sem uma clientela importante.

“O mel da Apevale é orgânico, é um produto do cerrado e sem interferência de agrotóxicos”, garante Marisé. Atualmente a entidade conta com 35 associados, mas a meta é aumentar para 70 em cinco anos. Em 2007, a produtividade foi de 2.500 quilos. A meta é chegar em 2012 com 20 mil quilos. Certificação do mel para comercialização em todo o País é outro objetivo da associação.

O compromisso com a preservação e a proteção do meio ambiente é outra causa defendida pela Apevale. Marisé integra a diretoria do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Paraíso do Tocantins.

Fonte: Agência Sebrae de Notícias