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Opinião

Os europeus e norte-americanos votam na estabilidade política, no desenvolvimento econômico e em outros fatores de peso inferior aos já citados. Mas, fundamentalmente, a economia rege a opção eleitoral dos cidadãos das mais importantes Nações do chamado mundo desenvolvido. Há aquele velho e surrado bordão, absolutamente realista, aplicado aos que não conseguiam entender a popularidade incrível e a reeleição fácil de Bill Clinton: “É a economia, estúpido!”. Poderíamos responder - de forma mais educada, é claro - aos que não conseguem compreender o êxito do governo petista e a espetacular popularidade (mais que isso, o imenso prestígio junto aos brasileiros) do presidente Lula, que muito mais que o sucesso econômico, a prudência no trato dos assuntos da área, mais que o talento da equipe econômica, com especial destaque para o impecável trabalho do goiano Henrique Meirelles no Banco Central, o que justifica o bom momento do Brasil, dos brasileiros e de seu presidente é algo mais que a economia: “É a coerência, meu amigo!”

O governo Lula tem dado mostras sobejas de que mesmo sendo flexível na negociação política e nas alianças estratégicas que celebra com as mais diferentes forças, partidos e líderes, não abriu mão de princípios acalentados ao longo da vida do presidente da República e das três décadas de existência de seu partido. Lula tem sabido governar para todos os brasileiros, convivendo de forma respeitosa e fraternal inclusive com adversários políticos intransigentes, mas não negociou o essencial, não retrocedeu um milímetro no substantivo, não deixou de avançar na luta pela emancipação dos trabalhadores e no apoio decidido a milhões de brasileiros que viviam na mais assombrosa orfandade do Estado, sem saúde, sem ensino e, lamentavelmente, até sem comida.

Muito do preconceito e das críticas ao governo de Lula e do PT e seus aliados da base de sustentação, decorre da constatação de que a convivência civilizada, a permanente negociação política, a conhecida disposição de diálogo e a ausência de qualquer radicalismo por parte de Lula e seu governo. Existe uma inflexibilidade total no respeito à política econômica delineada desde os seus primeiros dias no poder, em 2003, até hoje, além de uma sincera devoção aos nossos irmãos mais humildes, aos milhões de brasileiros e brasileiras que não comiam, que viviam em condições sub-humanas, deserdados da sorte e desprezados pelo poder público.

O preconceito contra o governo do presidente Lula vem das camadas mais reacionárias, dos setores mais antipopulares, que até aceitaram a chegada do PT ao poder e de um trabalhador à presidência da República, mas jamais perdoarão em seu íntimo o extraordinário desempenho, a reconhecida competência, a popularidade invulgar e, antes de tudo, a coerência de um presidente que sabe conviver com os adversários, que os respeita, que pratica com afinco o jogo democrático mas não abre mão de seus compromissos mais sagrados, os que são mais caros tanto à sua consciência quanto ao programa das forças que o levaram ao poder: governar para todos os brasileiros, mas tratar com especial atenção a imensa legião dos que tinham fome e sede de alimentos e de justiça social. O Fome Zero é o mais ambicioso e bem-sucedido programa de apoio às camadas mais sofridas de nosso povo, constituindo-se em evidente fator de distribuição de renda, e o Programa de aceleração do Crescimento, o PAC, está cumprindo sua missão de dotar o país de uma infra-estrutura compatível com nosso desenvolvimento econômico após décadas sem investimentos em estradas, aeroportos, portos, terminais de exportação, anéis viários, etc...

Quando vemos a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria, a CNI, comprovando que o empresariado brasileiro encara com imenso otimismo tanto o momento econômico quanto as expectativas de um futuro ainda mais promissor, é preciso não se esquecer que isso é fruto do presidente Lula e do governo do PT. Ou não é?

Quando a imprensa noticia que a taxa de juros de empréstimos para pessoas físicas alcançou em setembro o menor nível da série histórica do Banco Central, iniciada em 1994, é necessário que se recorde que isso é fruto do governo do presidente Lula e do PT. Os juros médios para este tipo de financiamento ficaram em 43,6% ao ano em setembro. No mês anterior, a taxa era de 44,1% ao ano, e em setembro de 2008 chegava a 53,1% anuais. A taxa geral de juros caiu pelo décimo mês seguido, de 35,4% ao ano em agosto para 35,3% anuais em setembro. É o menor nível desde dezembro de 2007, quando era de 33,8%. Os juros de empréstimos para pessoas jurídicas também caíram, passando de 26,4% ao ano para 26,3%, a melhor taxa desde abril do ano passado. Antes do atual governo essas taxas eram exorbitantes, proibitivas e conspiravam contra o desenvolvimento nacional e a economia produtiva. E cairão ainda mais!

É raro um governo que ataque vários problemas ao mesmo tempo, nas mais diversas áreas, e consiga resultados tão auspiciosos quanto os que estão sendo alcançados. Seja no plano social, seja no plano econômico, o Brasil mudou para melhor, está mudando mais ainda e colecionará avanços sociais e ganhos econômicos jamais imaginados em um governo de esquerda, humanista e absolutamente democrático.

O diário “La Nación”, de Buenos Aires, secular e conservador, em sua edição dominical mais recente, em artigo de grande profundidade do respeitado analista Rodrigo Mallea afirma que “o Brasil seduz o mundo”, “está no caminho para se tornar uma das grandes Nações do planeta”, “Lula é popular, mas não é populista”, “o Brasil não é mais um paisinho”, “um governo maiúsculo”.

Nunca sentimos tanto orgulho do Brasil. Há muito por fazer e sempre será pouco diante dos desafios que nos esperam. E não nos acovardaremos jamais. Aos que fazem oposição por oposição, de forma sistemática e insincera, só resta uma boa e sucinta explicação para o sucesso de um governo que conseguiu a proeza de ser popular não sendo populista: “É a coerência, meu amigo!”.

Delúbio Soares é professor

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