Uma iniciativa inédita do Ministério da Agricultura e do governo do Pará vai monitorar, por satélite, fazendas de gado no bioma amazônico. O Programa Boi Guardião, lançado na quarta-feira (9) pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e pela governadora do estado, Ana Júlia Carepa, tem a finalidade de conter o avanço do desmatamento na região em função da pecuária.
O projeto piloto iniciado agora envolve seis municípios paraenses - Marabá, Eldorado do Carajás, Água Azul do Norte, Ourilândia do Norte, Tucumã e São Félix do Xingu - onde são criados quase quatro milhões de cabeças. Mais de 15 mil fazendas foram georreferenciadas (definição do local pelo sistema de coordenadas geográficas) e serão monitoradas por técnicos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará).
O programa condiciona a emissão da Guia de Trânsito Animal Eletrônica (GTA) à atividade pecuária realizada sem desmatamento. A GTA é um documento com informações da sanidade do rebanho, obrigatório para o transporte de animais entre propriedades, municípios e estados, para frigoríficos ou mesmo para exportação do animal vivo.
Os municípios da primeira etapa do Boi Guardião abrangem área superior aos territórios de estados como Rio de Janeiro, Alagoas e Espírito Santo. “O programa será totalmente implantando em um ano e meio. Até o final de 2010, todo o estado do Pará, além do rebanho de Rondônia e dos animais situados no bioma amazônico de Mato Grosso serão 100% monitorados”, explica o ministro Stephanes.
Para iniciar o projeto piloto, o Ministério da Agricultura, a Adepará e a Federação de Agricultura do Estado do Pará (Faepa) investiram quase R$ 1 milhão na compra de equipamentos de informática, trabalho de campo, implantação de pontos de internet para o monitoramento por satélite e no georreferenciamento das propriedades. O sistema de monitoramento foi implantado pelo Inmet e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O programa conta ainda com a parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), Associação Brasileira de Supemercados (Abras) e dos frigoríficos Bertin, Frigoc e JBS.
Etapas
A segunda fase do programa inicia em junho de 2010, quando serão monitorados mais 38 municípios da região centro-sul do Pará que, juntamente com os seis primeiros, fazem parte de área livre de febre aftosa com vacinação no estado. Nesta etapa também começa a inclusão de Rondônia e das localizadas no bioma amazônico de Mato Grosso. Na terceira fase, em dezembro de 2010, todo o território paraense estará coberto pelo programa, com a inclusão de 32 municípios paraenses do Baixo Amazonas e da região de Marajó e será finalizada a inserção das fazendas dos outros dois estados.
Rebanho
O Pará, com rebanho de mais de 18 milhões de cabeças, é o maior produtor de gado do Norte e o quinto do País.
Guia de trânsito animal na Amazônia
“O Programa Boi Guardião é uma forma eficiente de conter o desmatamento em função da pecuária no bioma amazônico”, afirmou o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, em Marabá/PA. O ministro explicou que o programa condiciona a emissão da Guia de Trânsito Animal Eletrônica (GTA) apenas para o pecuarista que não desmatar para abrir novos pastos no bioma amazônico.
Além disso, a partir do protocolo de intenções assinado, frigoríficos da região e supermercados se comprometeram a não comprar carne de produtores que desmatam áreas para suas atividades. O documento foi endossado por Stephanes, pela governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Stephanes reafirmou ainda que o Programa Boi Guardião está sendo executado em defesa dos interesses do País - que faz a sua parte - para chegar ao desmatamento zero na Amazônia. Já a governadora Ana Júlia reforçou a importância de se estabelecer políticas públicas usando tecnologia para permitir a produção agropecuária de forma sustentável.
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento