Conexão Tocantins - O Brasil que se encontra aqui é visto pelo mundo
Opinião

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Parecia uma eleição certa, Dilma Rousseff, candidata do presidente Lula - o mais bem avaliado na história da República - detinha na semana das eleições 53% das intenções de voto dos brasileiros para ser eleita presidente da República. Seus adversários juntos não chegavam a 40 %.

A festa estava preparada, e o governo já trabalhava sua base para apoiar as candidaturas estaduais no segundo turno. Mas,"havia uma pedra no caminho”. Bastou três assuntos, de origem desconhecida, serem levados a público, para a campanha anti-Dilma ser adotada por uma grande legião de internautas e sua imensa rede de e-mails. Fizeram um estrago irreparável na campanha da candidata do presidente Lula.

Os assuntos da campanha anti-Dilma atacam princípios, Fé e Valores de nossa Nação predominantemente Cristã. Falavam do apoio da então candidata Dilma ao aborto, ao casamento entre homossexuais e que Dilma afirmou que nem Deus tiraria sua eleição. Houveram outros assuntos abordados com menor impacto, não que sejam menos explosivos. O que se podia ver era depoimentos de clérigos e religiosos afirmando ter visto Dilma falar desses assuntos. Considerando que esses são assuntos, senão intocáveis pelo povo brasileiro, mas no mínimo pouco discutido e nada simpático a todos nós. A repercussão trouxe um clima de repulsa entre os que não dispunham de uma contra-informação ou desmentido.

A candidata Dilma teve uma perda de 6% de votos enquanto a candidata Marina Silva teve catapultada sua votação para 19,33%, os eleitores refugiaram-se na candidata com o discurso alinhado publicamente aos princípios e valores ora atacados, como que quem deseja ganhar tempo para entender melhor o que estava ocorrendo. Isso provocou o segundo turno das eleições presidenciais.

Me lembrei das outras eleições que trabalhei para eleger o Lula Presidente. Especialmente quando fui a Pedro Afonso (TO), no ano de 1989 acompanhado da então vereadora Lurdinha (PT) e do servidor dos correios José Félix. Fomos em um fusquinha branco, que comprei especialmente para a campanha. Foi meu primeiro carro. No seu teto carregava uma pequena caixa de som de propriedade do PT de Colinas. Andamos 40km de estrada de chão, eu e a vereadora Lurdinha segurando o suporte do som pela abertura dos vidros das portas dianteiras, atravessamos a balsa e chegando naquela histórica e importante cidade do novo Estado do Tocantins, conseguimos uma carreta de trator para realizarmos o primeiro comício de um candidato do PT em Pedro Afonso, foi sucesso de público. Embora todas as dificuldades, inclusive uma grande chuva que caiu em nosso retorno, o que mais me marcou foi um apelo de uma senhora que procurou-me acompanhada de uma filha e três netos pequenos. Ela queria tão somente que eu pedisse ao Lula que quando ele fosse eleito não lhe tirasse a sua casa onde moravam que era a única herança que poderia deixar para seus netos. Fiquei comovido com seu apelo de avó. Voltei pra casa indignado, não imaginava que os adversários do Lula fossem capazes de inventar um discurso tão vil, usando da simplicidade das pessoas.

Hoje exatamente 21 anos depois,volto a ver as eleições presidenciais serem palco da propagação do medo, e nesse caso não é mais utilizada a intimidação pela força ou pela temor de perdas materiais, considerando que claramente o governo do presidente Lula deu provas de que nesse quesito o discurso antigo não tem como pegar. A mesma casta buscou atingir nesta eleição os valores religiosos e morais de nossa sociedade cristã, com fortes raízes na célula familiar. Foi um ato de covardia, o que na verdade costumamos chamar de golpe baixo. O que resta às forças políticas e sociais que apóiam a candidata Dilma neste segundo turno das eleições presidenciais é mostrar as grandes mentiras que seus opositores contaram aproveitando a velocidade da importante ferramenta de comunicação, a Internet e seu alcance.

Não está contido no programa de governo da Dilma ou nos planos do PT a iniciativa de descriminalizar o aborto, é um problema social e de saúde pública, cabe ao Estado socorrer a cidadã que fez opção por abortar por sua própria conta e risco e teve complicações, afinal sua vida corre riscos. Da mesma forma o Estado brasileiro é laico, não interfere na vida religiosa das pessoas e em sua fé. Assim defende o PT que é composto em sua imensa maioria por cristãos. Portanto não cabe a qualquer governo interferir nos assuntos religiosos.

A candidata Dilma que é mãe e avó conhece o povo brasileiro e sabe dos seus valores, só não pode evitar que promovam inventos acerca de sua pessoa no calor das eleições. Essa atitude vem com intuito de manipular as pessoas e prejudicar sua livre escolha, no momento em que não houve mais prazo para ser ouvida a outra parte O que é próprio de muitos por aí.

O uso de mentiras para criar medos na sociedade são atitudes de manipulação. Manipular, segundo o Dicionário Houaiss, manobra oculta ou suspeita que visa falsificar a realidade.

Atitudes como essa devem ser chamadas de ficha suja. Afinal de contas, a eleição de 2010 é a eleição da ficha limpa. Mas pelo visto, novamente os inimigos do novo Brasil farão de tudo para confundir o eleitor. O que está em jogo são as grandes conquistas do povo brasileiro, como a geração de milhões de empregos e os avanços na educação e tantos outros. Os valores e a fé não correm nenhum risco com a Dilma eleita, que juntamente com o PT e seus aliados, historicamente se juntaram aos brasileiros para preservá-los e defendê-los.

A verdade dos fatos vêm mais rápido do que pensam. Mas outras mentiras da manipulação também. Mentiras como essas diminuem os adversários que não tratam desses assuntos publicamente e utilizam o sistema de Internet para enviar mensagens anônimas e apócrifas, espalhando dúvidas e confusão. O que é lamentável. Esse jogo sujo não vale.

* José Santana Neto é petista desde 1986 e prefeito de Colinas do Tocantins pela 2ª vez