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Opinião

Foto: Divulgação

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Que cor você é? O IBGE quis saber esse ano e o governo federal precisou fazer campanha com a Taís Araújo, símbolo de orgulho da negritude no País, para incentivar as pessoas a não inventarem cores para a pele.

Mas o problema não está só em admitir que é negro e sim sustentar essa identidade étnico-racial. Essa semana falei para uma menina de três anos que seu cabelo era afro e que ficava bonito solto.

Só que quando o cabelo dela estava solto a mãe a ensinou que ela estava despenteada e que as pessoas iriam rir de seu visual. Em minutos de conversa com a pequenina disse um pouco a ela que a maioria das mulheres modelos negras têm cabelo afro e fazem muito sucesso.

No mesmo dia a mãe da pequena teve dificuldades em pentear o cabelo dela. “Meu cabelo é afro e fica bonito assim”, dizia a pequenina.

Parece coisa apenas de ego ou de escolhas mas enquanto o conceito de identidade étnico-racial não for de fato familiarizado e socializado dentro de casa a igualdade racial será com certeza um mito.

Se uma criança achar que seu cabelo é ruim e que todos vão sorrir dela já está se privando de sua identidade e o pior, incentivadas pela família.

O padrão de beleza negra começa a despontar na publicidade e nos diversos produtos midiáticos e com isso as crianças começam a conviver mais com a sua cor e está aí um cenário favorável para aceitar suas características.

É preciso ainda entender o processo de formação da identidade étnico racial e saber lidar com ele.

As mulheres negras precisam começar a ter opções de tratamento para cabelo afro sem ouvir da cabeleleira que seu cabelo é ruim e precisa ser alisado.

As crianças negras precisam parar de se submeter à tratamentos capilares cada vez mais cedo baseadas no falso conceito de que seu cabelo é “ruim”. Auto-estima começa desde cedo.

E enquanto existirem os “avermelhados”, os “cravo-canela” e outros tipos de cores é um sinal claro de que muitos brasileiros negam si sua condição de sujeito étnico-racial. O primeiro passo é o negro se aceitar.

*Maria José Cotrim é Jornalista

Texto disponível no Site www.negroemdebate.com.br