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Estado

Elas atuam num universo predominantemente masculino e superam, diariamente, as velhas barreiras culturais no que diz respeito à natureza do seu ofício. Estamos falando das policiais militares femininas do Estado do Tocantins, que também comemoram este 08 de Março – Dia Internacional da Mulher - fazendo valer suas escolhas profissionais. Elas sabem o que querem, muitas expõem suas vidas aos riscos que a profissão exige, mas se dizem felizes com o caminho que decidiram seguir.

Dados da Diretoria de Pessoal do Comando-Geral da Polícia Militar do Tocantins mostram que há um total de 4.149 policiais militares – masculinos e femininos – na ativa em todo o Estado. Desse total, 495 policiais são mulheres (entre praças e oficiais), o que representa um percentual de 11,9% da figura feminina na Corporação. Os números podem parecer “tímidos”, mas demonstram a presença delas, sim. Do efetivo de mulheres militares na ativa, cerca de 60% ocupam funções administrativas e 40% desenvolvem serviços operacionais, atuam com policiamento nas ruas, por exemplo. Vale ressaltar que não estão incluídas nesse universo as militares inativas, mas que já deram sua contribuição para a manutenção da ordem pública no Tocantins e, portanto, merecem as mesmas homenagens.

Para o comandante-geral da Polícia Militar do Tocantins, Cel Marielton Francisco dos Santos, as policiais militares desenvolvem um trabalho exemplar no Estado. “As questões de gênero não podem medir a capacidade de um profissional, independentemente da área que este atua. E na carreira militar, as mulheres, ao longo das últimas décadas, têm demonstrado muita seriedade, disciplina e profissionalismo. Estão de parabéns e merecem todas as nossas homenagens”, disse o comandante-geral.

SIQUEIRA E O 1º CONCURSO

Há 22 anos, o então governador do Estado, José Wilson Siqueira Campos, assinava a Medida Provisória (nº 001) que dispunha sobre a estrutura básica do Poder Executivo e incluía a Polícia Militar em seu organograma geral. Naquela época, a PMTO contava com um efetivo de cerca de 1.027 policiais (homens e mulheres). Foi também a época, o ano era 1989, que Siqueira Campos autorizou o 1º concurso para policiais femininas, ocasião em que também criou a Banda de Música da PM. De lá para cá, já ingressaram na carreira mais de 3 mil novos militares.

SAÚDE

Na área da Saúde Militar elas também marcam presença. Atualmente, são 71 militares atuando nas áreas da Psicologia, Odontologia, Assistência Social, Medicina, Fisioterapia e Enfermagem, com atendimentos aos militares, suas famílias e seus dependentes.

Se você é mulher e quer ingressar na carreira militar, não basta apenas vontade. É preciso estudar muito. O ingresso se dá via concurso público e há duas formas de inclusão: pela carreira de praças, depois de se concluir um curso que dura em média 10 meses para soldados; e de cadetes, após a conclusão do Curso de Formação de Oficiais de Carreira, com três anos de duração, pela APMT - Academia da Polícia Militar Tiradentes – uma instituição estadual e considerada no meio militar como um grande ganho para a Corporação e a sociedade, já que tem formado dezenas de militares no Tocantins.

PAIXÃOEla foi a primeira mulher a comandar uma Unidade Operacional da PM no Estado, a 1ª CIPM (Companhia Independente da Polícia Militar), com sede em Arraias. Seu nome: Major Patrícia Murussi Leite, natural de Alegrete (RS), divorciada e mãe de dois filhos. Questionada sobre as dificuldades e desafios enfrentados, ela é enfática: “seria maravilhoso se pudesse dizer que não há diferença entre os sexos enquanto profissionais, infelizmente isso não é a realidade. Ainda temos uma cultura de ‘fragilidade feminina’", observa.

A Maj Patrícia está há mais de 13 anos na instituição, quando entrou através de concurso público (1997). “Na realidade, acredito que como a maior parte dos integrantes da instituição, não entrei por vontade, sonho de ser militar. Porém, tão logo conheci a PM, apaixonei-me”, diz, comentando que presenciou durante esses anos que está na instituição o receio dos policiais do sexo masculino quando em companhia de uma policial do sexo feminino. “Acreditam eles que em determinados momentos isso os coloca em risco tendo em vista a fragilidade feminina para deter, caso haja uma resistência. Porém, temos uma característica própria feminina que, com ela, evita-se muitas vezes o contato físico: a verbalização”, pontua. A Maj Patrícia se diz realizada, depois de um longo processo de trabalho, intenso, para demonstrar competência nas funções que já executou. Detalhe: ela também foi a primeira mulher a assumir um subcomando de unidade da PM do Estado, ainda em 2003.

As policiais femininas estão presentes em todas as unidades da PM no Tocantins. São 08 BPMs (Batalhões da Polícia Militar) e 06 CIPMs, considerados unidades operacionais; a CIOE (Companhia Independente de Operações Especiais) e a Cipama (Companhia Independente de Polícia Militar Ambiental), que representam unidades operacionais especializadas; além das unidades administrativas, onde figuram a APMT, o QCG – Quartel do Comando Geral em Palmas e o SIOP (Sistema Integrado de Operações), este que também desenvolve ações de natureza operacional.

MÃE E MULHER

Há oito anos na carreira militar, a Capitã Lourdes Cristina Coelho Rodrigues, de 26 anos, é uma das poucas mulheres militares no Estado no comando de uma unidade operacional. Mãe de Guilherme Henrique, de apenas 3 anos, ela está à frente de um efetivo de 85 policiais militares comandando a 1ª Companhia Operacional do 1º BPM, situada na 407 Norte em Palmas, responsável pelo policiamento da região norte da Capital. Detalhe: desses 85 militares, 84 são homens. Ela responde pela unidade há 1 ano. Conciliar a criação do Guilherme, na época em que ainda amamentava, com o trabalho de militar, não foi difícil, segundo a Capitã.

Casada com o Capitão Esdras Eduardo Borges, a Capitã Cristina é natural de Gurupi e iniciou sua carreira após aprovação em concurso público e ingressou no Curso de Formação de Oficiais, em 2003. Quando aspirante foi para Gurupi, onde atuou no 4º BPM. Foi durante o curso que ela conheceu Esdras. Ela chegou a cursar até o 6º período do curso de Direito, mas por não se identificar com o mesmo, optou por seguir a carreira militar, carreira que, inclusive, foi sugestão de seu pai.

Indagada sobre as dificuldades do seu trabalho, a Capitã disse que nunca vivenciou nenhum tipo de preconceito ou resistência por parte dos militares, mas sim de civis, que durante diligências se dirigiam de imediato aos militares homens. Talvez por uma questão cultural. “A gente tem que manter uma postura de respeito. Eu pretendo continuar na carreira militar, chegar até o último posto (o de Coronel) cumprindo com minhas obrigações e sendo fiel aos princípios da instituição”, diz a jovem Capitã, que ainda vislumbra as faculdades de Educação Física ou de Nutrição quando estiver próximo de encerrar a carreira militar.

MILITAR DE ALMA

Outro exemplo de dedicação à carreira militar vem da Cabo Jucilene Chaves Monteiro de Oliveira, 36 anos e há 13 na profissão. Ela trabalha no SIOP (Palmas) como atendente e supervisora recebendo os chamados da população via 190. Gurupiense, CB Jucilene diz ser muito feliz com o trabalho que desenvolve porque sempre quis ser militar. “Sou militar de alma, e no SIOP fazemos um serviço onde nos sentimos útil, lá é o coração da PM, por onde passam todas as ocorrências”, diz a militar, que concilia a carreira com a faculdade de História, em Porto Nacional, e com o papel de mãe de Cristian Chaves Oliveira, de 5 anos, que ela adotou após 3 anos na fila de espera do Juizado da Infância e Juventude. “Sou uma mulher realizada, nunca fui desrespeitada por ser uma mulher militar. Vivo cada minuto de minha vida”, conclui, com um sorriso de satisfação pelas escolhas que fez na vida. E ela não para. Seu próximo passo será o curso de Sargento. Portanto, se encontrar uma policial militar feminino, muito respeito.

Fonte: Assessoria de Imprensa/ PM