Aproximadamente 3.280 pessoas vivem em Chapada de Natividade a 191 Km de Palmas. No município, o garimpo de ouro é a principal atividade, no entanto vários habitantes estão saindo do local desiludidos com a atividade no garimpo.
De acordo com o último censo do IBGE o município tem 300 habitantes a menos com relação ao último censo. Diretamente 150 famílias que integram uma cooperativa de exploração mineral que existe há 18 anos dependem da atividade garimpeira, segundo informou a Prefeitura de Chapada de Natividade.
Na semana passada o garimpo foi fechado por falta de explosivos o que novamente frustrou as expectativas de muitos trabalhadores. Em entrevista ao Conexão Tocantins um garimpeiro afirmou que está se mudando junto com a esposa e a filha para o município de Porto Nacional. Natal Lima trabalhava no garimpo desde o início da atividade. “Nesse garimpo não dá mais. Trabalhar nessas condições não interessa mais a muitas pessoas, vou embora para Porto Nacional e muitas outras pessoas estão também deixando de lidar com isso e partindo para outros trabalhos”, disse.
O prefeito do município, Djalma Rios (PMDB) confirmou as dificuldades para o funcionamento do garimpo. Ele afirmou ao Conexão Tocantins que está sofrendo pressão com relação ao assunto, já que além de gestor do município, ele também é garimpeiro e integra a cooperativa.
A cooperativa precisa da lavra garimpeira, um documento que garanta a legalização do funcionamento do garimpo que funciona em um local no município onde uma empresa canadense tem o registro do subsolo, mas não realiza a exploração.
A empresa tem o registro do subsolo da área há mais de 20 anos mas não explora o garimpo, enquanto os garimpeiros estão garimpando de maneira ilegal mas com intuito de registrar e legalizar a área.
Vontade política
Mesmo não sendo da base do governo o prefeito diz não acreditar que essas divergências políticas estejam impedindo o governo estadual de intervir para ajudar no impasse na queda de braço entre a empresa canadense e a cooperativa. “Precisamos da força dos governantes para ajudar a derrubar isso”, disse.
O governo pode ajudar atuando junto ao Departamento Nacional de Pesquisas Minerais - DNPM que cuida da regularização do subsolo no entanto o único compromisso nesse sentido para ajudar o município, segundo o prefeito, é o do senador Vicentinho Alves (PR). “Ele prometeu nos ajudar com esta questão”, afirmou.
O prefeito disse que se preocupa com a perda populacional do município apontada pelo IBGE, reflexo direto da desistência de muitos garimpeiros com a atividade. “Está sendo um caos essa perda de população, a sobrevivência de Chapada é o garimpo”, disse.
O reflexo social desta insegurança com relação ao garimpo preocupa também o garimpeiro José Francisco. Segundo ele, a cooperativa tendo condições de garimpar de maneira legal com certeza será positivo para a população do município e evitará com certeza a migração de famílias.
Chapada de Natividade
Chapada era um vilarejo que surgiu há 251 anos do garimpo de extração de ouro e teve como primeiros habitantes escravos remanescentes de quilombos. No município um dos pontos turísticos é a obra do século XVIII, as ruínas da Igreja do Rosário que é de pedra e foi construída pelos escravos.
As comunidades quilombolas de São Jósé e Chapada de Natividade pertencem ao município.