Os visitantes da Feira Literária Internacional do Tocantins (Flit) podem conferir o costume dos povos indígenas e dos quilombolas tocantinenses no espaço reservado à diversidade e interação cultural, localizado no lado leste da Praça dos Girassóis. No local, cantorias, esportes, artesanatos, oficinas e histórias, que contam um pouco da tradição de cada povo, são apresentados diariamente como forma de interação com a comunidade em geral.
Para a historiadora e coordenadora indígena da Secretaria Estadual da Cultura, Joana Munduruku, a disposição de um espaço específico para a divulgação destas culturas fez o diferencial na Flit. “Temos observado que, ao longo dos anos, temos tido uma abertura maior para a divulgação da cultura indígena e esta ideia de reproduzir uma casa sertaneja, igual as que são construídas nas aldeias, e a criação de todo este ambiente idêntico ao local em que vivemos, com toras e esteiras ao invés de cadeiras, com trempes para o fogo e sombras de árvores para o descanso, faz nos sentirmos em casa e mostra a todos como vivemos. Além disso, a convivência com os quilombolas, que devem chegar a partir do dia 31, trará muito mais vantagens com a aproximação destes dois universos”, afirmou.
Segundo Joana, até o dia 31, apenas quatro povos estão em exposição, sendo: Apinajé, Xerente, Khraô e Carajás. Após esta data, outros quatro chegarão juntos com os quilombolas.
Costumes
Entre os costumes apresentados pelos povos está o respeito aos mais velhos, que são considerados por eles, os detentores de toda sabedoria e guardiões da cultura, responsáveis por sua transmissão através da oralidade. “Como eles não sabem escrever, é através das histórias que eles passam os conhecimentos e esta é a verdadeira escola indígena”, destaca Joana.
Identidade
Apesar de muitos indígenas atualmente não conhecerem a língua do seu povo, a historiadora afirma que a identidade cultural não está abalada. “Eu mesma não sei falar a língua do meu povo, mas não me considero menos índio por isso. Comparo com o brasileiro que sai do país e se adapta ao falar outro idioma, e isso não o torna não brasileiro. A fala é a base da tradição dos mais de 12 mil indígenas tocantinenses, por ser através dela a transmissão de costumes, mas a tradição indígena é muito mais que isso”, enfatiza Joana.
Fonte: Secom