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Polí­tica

Em clima mais quente na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito no Congresso Nacional, o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT) foi inquirido por deputados federais e Senadores sobre sua suposta negociação de benefícios com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, em 2004. Dentre os principais questionamentos feitos ao prefeito, os mais incisivos foram com relação à forma de pagamento negociada pelo amigo de Raul, conhecido como Silvio Roberto.

Em tons mais fortes o deputado Rubens Bueno (PPS/SP) se mostrou indignado com o fato de Raul ter deixado o PPS para integrar o PT e se eleger prefeito de Palmas. “O senhor vem falar em respeitabilidade e depois é pego em gravações negociando com um bicheiro investigado. Como pode falar em respeito?” criticou.

O deputado ainda foi mais longe e chegou a afirmar que Raul estaria mentindo quando se refere ao não conhecimento das ações de seus assessores e membros próximos à Prefeitura de Palmas. “O vídeo mostra o seu assessor dizendo: ‘eu não mexo com dinheiro de jeito nenhum’ e depois ainda completou: ‘trabalhar com cinco contas pulverizadas’. Como o senhor quer falar de respeitabilidade?”, atacou.

Já o senador Álvaro Dias (PSDB/PR) citou um depósito de R$ 5 milhões no Banco BMG, na conta da Delta e, depois disto, uma transferência para uma outra conta da empresa só que no banco Bradesco. “Isto para depois fazer a retirada em espécie. Nós já vimos isto aqui na CPI dos Correios, no esquema do Mensalão”, disse. O senador ainda foi mais além e botou em xeque a veracidade do depoimento de Raul. “Esta transferência de responsabilidade ao é prática que encanta mais ninguém. E esta estratégia de liberação do sigilo bancário não serve pelo fato de não ter recursos na sua conta”, acusou.

Raul Filho, o tempo todo, negava ter negócios com o bicheiro e disse não se recordar de diversos pontos do vídeo. A cada negativa, no entanto, o prefeito recebia uma verdadeira saraivada de críticas e retrucadas por parte dos parlamentares.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL/AL) questionou os valores apontados na prestação de contas da campanha de Raul Filho no TSE. “Aqui não tem nada especificado. Consta apenas R$ 50 milhões em pagamento para shows artísticos e animadores”, disse. Para o senador, ficou estranho o prefeito ter feito uma prospecção de R$ 4,5 milhões de gastos de campanha. No entanto, a prestação de contas apontou um gasto de R$ 1,09 milhão. Raul, no entanto, segundo o senador, teria negociado cerca de R$ 1,2 milhão só de propagandas de rádio e TV. “O senhor não considera isto no mínimo estranho?”, retrucou.

Esquivo, o prefeito a todo momento contestava a prestação de contas do TSE e frisou que no Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins, toda a prestação de contas detalhada da campanha eleitoral poderá ser consultada. “Está tudo na documentação que eu apresentei a esta Comissão. Assim que possível, o senhor terá acesso a tudo”, completou.

Além disto, a todo o momento o prefeito desviava das responsabilizações que os parlamentares embutiam a ele. Raul chegou a dizer na CPMI que um de seus secretários estaria mentindo sobre o sistema de pagamento da Delta, se por pesagem dos caminhões de lixo, ou de viagens ao aterro sanitário.

Em tom ainda mais incisivo, o deputado Silvio Costa, usando a Operação João de Barro, da Polícia Federal, que investiga suposto esquema na prefeitura de Palmas desde 2008, para atacar Raul Filho. Na ocasião, o deputado disse provar que o prefeito estava mentindo na CPI. “O senhor está com cinismo e desrespeitando esta Comissão. Eu acabei de provar que o senhor mente”, disse.

Usando a Kênia Duailibe, irmã da deputada Solange Duailibe (PT), esposa de Raul, o deputado instigou que haveria favorecimento por questões familiares nos escândalos apontados por ele. “Era sua cunhada a chefe de licitação no período da contratação da Delta”, completou.

Pressão da plateia

Ainda durante a aferição do deputado Rubens Bueno, uma manifestação de um presente na plateia da CPMI interrompeu os trabalhos da comissão. Uma pessoa supostamente ligada a Raul Filho teria tentado pressionar o deputado com palavras fortes. Restabelecida a ordem, foi anunciado pelo próprio Bueno que o presente seria o atual secretário Robledo Suarte. “Eu não fui feito com medo e não vou ser intimidado”, disse.