O crescimento de 58% no consumo de pescado no Brasil por habitante, no período de 1999 a 2010, passando de 6,15 kg para 9,75 kg por pessoa, conforme dados do Ministério da Aquicultura e Pesca, reforça o potencial nacional para a aquicultura. O assunto está sendo debatido durante o curso “Aspectos Gerais da Piscicultura para Espécies Nativas,” que começou na manhã desta terça-feira, dia 07, durante a programação da Agrotins – Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins – 2013. A feira acontece no Centro Agrotecnológico de Palmas, na TO-050.
O pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura Fabrício Rezende, durante a palestra “Espécies e sistemas de produção”, explicou que mesmo com aumento do consumo por habitante, a quantidade ainda está muito aquém do preconizado pelo Ministério da Saúde, que são 12 kg por pessoa ao ano. Para suprir a demanda, o Brasil ainda importa 247,3 mil toneladas de pescado anualmente. “O Tocantins tem polos de produção de pescado, como em Almas, no Sudeste, e no Bico do Papagaio, mas a aquicultura é uma área que tem muito a crescer”, destacou.
Rezende explicou que antes de iniciar a produção, os aquicultores devem fazer um planejamento, estudando desde as condições climáticas às zootécnicas, para escolher a espécie a cultivar. “É preciso estudar qual espécie converte melhor o alimento em carne, o custo e também a aceitação no mercado”, destacou, exemplificando com a espécie mapará: “a carne é ótima, tem bom aproveitamento de carne, mas não aceita o manejo”.
Antes de Rezende, a doutora Marcela Mataveli falou sobre “Planejamento de produção e construção de viveiros para piscicultura”. A pesquisadora apresentou ao público presente as características que devem ser observadas na hora da construção de um viveiro, como tipo de solo e a quantidade e qualidade de água disponível para a atividade. A aquicultura, segundo ela, se bem planejada e com bom manejo, pode gerar lucro anual bem significativo. Para uma área de 25 hectares, com viveiros para recria e engorda, estipula-se lucro de R$ 70 mil anuais, sendo R$ 159 mil de custos totais.
O curso continuou com a palestra “Manejo genético de reprodutores”, com o pesquisador Anderson Luís Alves. “A nossa preocupação é com a hibridação das espécies, ou seja, o cruzamento indiscriminado, que interfere diretamente na produção”, disse, acrescentando que a Embrapa está desenvolvendo projeto para identificar a pureza das espécies e assim garantir a produção. “Se continuar assim, dessa forma híbrida, a tendência é que a produção seja inviabilizada”, enfatizou. A programação do curso continua nesta tarde, com mais três palestras, e segue até amanhã.
O engenheiro agrônomo do Ruraltins – Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins - de Almas, Daves Tamasi, quer levar o conhecimento adquirido nas palestras diretamente aos produtores de sua região. “A ideia é fazer um aprimoramento do conhecimento e repassar à comunidade”, arrematou.
A programação completa da Agrotins pode ser conferida no site http://agrotins.to.gov.br. (Ascom Seagro)