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Rosa dos Ventos na Praça dos Girassóis seria para indicar o centro

Rosa dos Ventos na Praça dos Girassóis seria para indicar o centro Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Rosa dos Ventos na Praça dos Girassóis seria para indicar o centro Rosa dos Ventos na Praça dos Girassóis seria para indicar o centro

A afirmação de que o Centro Geodésico do Brasil estaria localizado em Palmas, capital do Estado do Tocantins, no centro da Praça dos Girassóis, pode ser uma grande falácia. O valor histórico pode colocar o local como um marco, mas um especialista e o próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, dizem não existir bases científicas que comprovem a localização e a existência de um centro geodésico no local.

Eduardo Quirino Pereira, engenheiro ambiental, mestre em sensoriamento remoto e professor de cartografia e topografia do curso de engenharia ambiental da Universidade Federal do Tocantins (UFT), falou ao Conexão Tocantins sobre essas medidas geodésicas. Segundo ele, do ponto de vista técnico a expressão centro geodésico não existe, o que são trabalhados são marcos geodésicos. “São pontos, distribuídos em várias regiões da Terra para mapear a sua superfície. Pontos de alta precisão que tem a função de mapear a dinâmica de evolução da superfície do planeta, como as cadeias montanhosas”, explicou.

Ainda segundo ele, outra expressão que não tem definição científica é a do "centro geográfico", visto que não existem estudos precisos e de base científica comprovada para determinar tal ponto. “O que podemos chegar é a um centro geométrico da figura plana, isso com base em imagens de satélite ou mapas existentes. É um ponto de determinada região onde as linhas direcionais se cruzam”, disse.

Questionado sobre o assunto, o IBGE explicou que não existe no órgão documento que comprove a existência de um centro geodésico e que o assunto é controverso. “Não existe no IBGE documento que oficializa o centro geodésico brasileiro e/ou sul-americano. Na verdade esse assunto é controverso, uma vez que a Geodésia trabalha com precisões milimétricas na determinação de posição. Essa precisão certamente nos dará centros geodésicos diferentes dependendo do elipsóide e da precisão dos limites territoriais considerados no cálculo”.

O Conexão Tocantins também tentou contato com o 22° Batalhão de Infantaria do Exercito Brasileiro, para saber se existia na instituição algum levantamento cartográfico de área que comprovasse a informação sobre o centro geodésico brasileiro, mas a resposta foi de que na sede do batalhão em Palmas não existia tal documento e que informações complementares poderiam ser obtidas através do “Fale Conosco” dá página eletrônica do Exército Brasileiro.

Governo não comprova ponto geodésico

Na Secretaria Estadual de Planejamento e da Modernização da Gestão Pública (Seplan), pasta responsável pela parte de registro e arquivo topográfico do Estado, a resposta foi de que lá não havia este documento. O órgão é responsável pelo georreferenciamento de todo o Estado.

Já a Secretária de Comunicação do Tocantins e a Agência Tocantinense de Notícias ficaram de repassar alguns documentos que comprovariam a informação do Centro Geodésico do Brasil, mas até o fechamento desta matéria nenhum documento foi entregue depois de mais de 20 dias solicitado.

Relevância histórica, não científica

Para o professor Eduardo Quirino a situação sobre a Praça dos Girassóis pode ser considerada um marco histórico, não científico. Ainda segundo ele, esses marcos existem em vários locais do País e podem ser trabalhados como atrativos turísticos. “Do ponto de vista histórico não tem problema. A Praça dos Girassóis pode ser um ponto histórico e central, mas base científica no campo da geodésica, sem tem eu desconheço”, explicou.

Situação parecida exemplificada pelo professor é a de Cuiabá, no Mato Grosso, conhecida como centro geodésico da America do Sul. Segundo ele, o que existe na cidade é um marco geodésico, de onde o Marechal Candido Rondon, por volta de 1909, partiu seus estudos para mapear a região Centro-Oeste do Brasil. Os estudos também serviram de base para levantamentos topográficos da America do Sul, ficando o local conhecido como centro geodésico do continente sul-americano. “Este é mais um exemplo de um marco mais histórico do científico, mas de grande importância para a região”, conclui Quirino.

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