Dia 9 de dezembro, hoje, “comemoramos” o Dia Internacional de Combate à Corrupção. Sinceramente, não sei se é um bom dia pra se comemorar. É claro que toda ação que seja para combater esse terrível mal que se alastra como uma metástase é, de fato, uma ação para o bem. Mas o que me leva a questionar essa data comemorativa é o ponto até onde tivemos que chegar para que esse dia fosse instituído.
Sigo meu questionamento perguntado a você leitor: por que trabalhar honestamente, quando a corrupção encurta o caminho para os ganhos fáceis? Por que pagar os impostos em dia quanto existem as brechas da lei para cometer fraudes? Por que utilizar o dinheiro público para o público, quando se pode desviar uma pequena fortuna para o próprio privado? A resposta para essas e outras perguntas do gênero é uma só: porque está compensando. Infelizmente a corrupção se tornou um negócio altamente lucrativo, e que vem compensando para aqueles que a praticam. Quem comete atos de corrupção no Brasil, principalmente com a coisa pública, tem dois escudos infalíveis: a falta de transparência e a impunidade. Os corruptos estão vencendo. Quem diz isso é o Índice de Percepção da Corrupção, apresentado pela ONG Transparência Internacional. Dentre os 177 países pesquisados, o Brasil ficou com a 72ª colocação em 2013, com 42 pontos. Na comparação com o ranking de 2012, ficamos três posições abaixo, ou seja, a corrupção no Brasil aumentou. O Uruguai, com 73 pontos, e o Chile com 72, foram os países latino-americanos com melhor avaliação. Para nossa vergonha, países como Porto Rico, Costa Rica, e Cuba também ficaram em melhor colocação que o Brasil.
E assim segue nossa nação, com as torneiras do dinheiro público derramando os recursos que tanto fazem falta na saúde, na educação e na infraestrutura. E assim seguem os corruptos, protegidos pela falta de transparência na coisa pública e pela lerdeza da justiça e das instituições que deveriam cumprir seu papel de fiscalizar a aplicação do dinheiro público. É triste, mas é verdade. É revoltante, mas é verdade.
Agora falando do nosso querido Tocantins, a situação é ainda pior. São tantos os escândalos envolvendo dinheiro público, envolvendo instituições oficiais que deveriam fiscalizar e julgar esses crimes, envolvendo políticos, gestores, membros do judiciário, que nem nos assustamos mais. São tantas as manchetes escandalosas, que estamos chegando ao absurdo de considerar normal o que de fato é aberração. A regra está virando exceção. O dinheiro público no Tocantins não está sendo suficiente para saciar a ganância dos corruptos. E, no caminho da impunidade, quando não havia mais o que saquear, os olhos gordos se voltaram para a poupança tão sacrificada dos servidores públicos, que sonhavam com uma aposentadoria tranquila e garantida. E o “pequeno” rombo no Igeprev pode passar dos 500 milhões. Caro leitor, responda para você mesmo: isso é algo normal? Ou isso é caso de polícia?
Quanto a “comemorar” o Dia Internacional de Combate à Corrupção, deixo para a sua reflexão. Minha opinião? Gostaria muito de poder estar comemorando o Dia Internacional da Libertação, quando estaríamos livres desse mal que destrói nosso país e nosso Tocantins. Mas, nem tudo está perdido. A única força capaz de mudar esse rumo de destruição está acordando: o povo. E que assim seja: que o povo acorde e seja a mudança que falta para acabarmos de vez com a corrupção e para que possamos comemorar, enfim, o Dia Internacional da Libertação. A mudança está em nossas mãos.
*Ataídes Oliveira é empresário, presidente do PROS-TO e suplente de senador