A presidente do Sindicato dos
Policiais Civis do Tocantins (Sinpol-TO), Nadir Nunes, lamentou a declaração do
governador Siqueira Campos – em entrevista à TV Anhanguera esta semana –
segundo a qual o Estado não tem recursos para a realização de concurso público
para a Segurança Pública.
A entrevista de Siqueira foi concedida no mesmo dia em que ele anunciou a
chamada de policiais militares do cadastro reserva do concurso público
dessa polícia, realizado no ano passado.
Segundo Nadir, a falta de investimentos na Polícia Civil demonstra o total
descaso do governo com o setor. “A defasagem de pessoal para atuar na
investigação de crimes, tem se agravado muito desde o ano passado, com a
aposentadoria de policiais, assim como o afastamento de servidores por
problemas de saúde”, explica.
Um dos reflexos da falta de investimento na Segurança Pública é que, em muitos
casos, policiais usam seus próprios equipamentos, além de armas de fogo e
coletes à prova de bala, e estão sendo obrigados a cumprir escala de trabalho
desumana, pela falta de pessoal nas diversas unidades policiais, espalhadas
pela capital e interior do Estado.
A presidente vem demonstrando essa preocupação desde que assumiu a direção do
sindicato, há quatro anos. Tem buscado o apoio do Ministério Público e do
governo, no sentido de garantir compromissos que possam conter o aumento da
criminalidade, por meio do aperfeiçoamento e atualização dos policiais civis,
aquisição de equipamentos e realização de concurso público.
“É vergonhoso ver o Estado sendo acionado judicialmente para integrar
servidores aos quadros da polícia. Esses mesmos servidores já haviam sido
empossados e depois de poucos meses exonerados, por falta de curso
preparatório”, lembra Nadir, referindo-se aos policiais civis, de concurso
realizado em 2008.
Terceirização
O governo
alega que não tem condições financeiras de realizar concurso para a Polícia
Civil, mas continua nomeando pessoas para trabalhar nas cadeias, de
responsabilidade da Secretaria Estadual da Defesa Social (SEDS), para onde
estão cedidos mais de 350 policiais civis.
A sindicalista lembra que a cadeia de Palmas e o presídio Barra da Grota, de
Araguaína, estão terceirizados para a empresa Umanizzare, que teve seu contrato
prorrogado, e custa uma fortuna para os cofres públicos, enquanto a falta de
recursos é usada pelo governo como empecilho para a não realização dos
concursos públicos.
“Se o governo não pode fazer concurso por questões financeiras, não poderiam
assumir o compromisso de realizá-los; com a contratação da empresa Umanizzare e
diversos contratos temporários sendo feitos, defendemos que uma opção com
resultado imediato é o retorno dos agentes penitenciários, pois são policiais,
e estão cedidos à Defesa Social. Eles precisam ser aproveitados nas unidades
policiais, o que será um reforço significativo para a Polícia Civil”, conclui
Nadir Nunes.