O Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado do Tocantins (Sintsep-TO) informou ao Conexão Tocantins na manhã desta segunda-feira, 1º de setembro, sobre a alarmante escalada dos conflitos agrários no Estado do Tocantins. O sindicato ainda denunciou que o coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Regional Araguaia- Tocantins, Silvano Lima Rezende, vem sofrendo ameaças de supostos pistoleiros.
Segundo o sindicato, relatórios apontam que em 2013 ocorreu um aumento alarmante de 61% nos conflitos por terra no Estado, envolvendo o quantitativo de 3.682 famílias, das quais 625 ocupantes vivenciaram o drama de serem refugiadas, ou seja, foram despejadas de suas ocupações. Neste contexto, o sindicato informou que supostos pistoleiros rondam os acampamentos de sertanejos ocupantes tradicionais das Glebas Anajá entre os municípios de Palmeirante e Colinas do Tocantins, região que foi palco em 2005 da Operação da Polícia Federal chamada de Terra Nostra que obteve repercussão nacional, segundo o sindicato.
O Sintsep denunciou também a atuação desses supostos pistoleiros a mando de fazendeiros para intimidar o advogado e coordenador da CPT Regional Araguaia-Tocantins Silvano Lima Rezende. De acordo com o sindicato, Silvano vem contrariando interesses dos fazendeiros por atuar na defesa dos direitos dos camponeses por meio de defesa jurídica gratuita em apoio ao ato de resistência das famílias.
O Sintsep ainda salientou que Silvano presta defesa jurídica no sentido de resistência ao poder econômico, ao uso de prestígio partidário local, a grilagem de terras e a violência institucional dentro das glebas arrecadadas pela União, entre elas, Glebas Tauá, em Barra do Ouro, bem como terras arrecadas (tomadas) de forma duvidosa pelo Estado do Tocantins em Campo Lindos e entregues a figurões da política, segundo o Sindicato.
Outra denúncia
O Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado do Tocantins (Sintsep-TO) ainda denunciou a ausência de efetividades dos órgãos de terra na resolução dos conflitos fundiários que, segundo o Sindicato, vem permitindo o agravamento da situação e a falta de transparência no Programa Nacional de Reforma Agrária que gera injustiças aos pequenos agricultores, e citou como exemplo a recente Operação Gaia da Polícia Federal.
Por fim, O Sintsep lamentou a crise fundiária e a reanimação da violência agrária, principalmente nos últimos cinco anos. “Por oportuno, pede-se as autoridades de segurança pública, a defensoria e a ouvidoria agrária que atuem na garantia à Dignidade Pessoa Humana a todos que demandam e militam pela Reforma Agrária no Estado do Tocantins”, afirma o Sintsep.
Silvano Lima
Em entrevista ao Conexão Tocantins na manhã desta segunda-feira, 01, o advogado e coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) desde o ano 2002, Silvano Lima Rezende, confirmou estar sofrendo ameaças de supostos pistoleiros. Silvano reside em Colinas do Tocantins e nos últimos dias resolveu vir com a família para Palmas por receio das ameaças e para tentar resolver a questão com o delegado de conflitos agrários do Estado, Ricardo Moreira de Toledo Sales, para que as providências necessárias sejam tomadas.
Silvano disse que já sofreu diversas ameaças e que no último dia 27 de agosto homens desconhecidos começaram a rondar as proximidades do seu lar e a questionar pessoas próximas sobre o seu paradeiro. “No dia em que fui acompanhar um despejo justamente de um dos grileiros que eu estou envolvido na ação no município de Palmeirante. Então quando estava acompanhando essa reintegração de posse apareceram duas pessoas lá em casa perguntando sobre a minha pessoa, querendo saber onde é que eu estava, querendo saber meu paradeiro. A vizinha disse que eu não estava, disse que eu viajava muito e perguntou se eles queriam deixar recado e eles simplesmente disseram que era só comigo e nunca mais deram o ar da graça e no dia 27 recebi uma ligação anônima com um nome restritivo”, afirmou. Silvano disse estar tomando precauções por não saber quem são as pessoas.
Confira vídeo do pronunciamento de uma das posseiras da Gleba Tauá durante audiência realizada com a comunidade.