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Opinião

Feitos os esperados exames do Enem, escolas privadas em todo país reforçam suas estratégias de captação de novos estudantes. Um mercado muito disputado e uma compreensão comercial de educação, poderão levar ao equívoco de pensar no estudante simplesmente como cliente, potencial consumidor do produto escolar ofertado.

É verdade que há uma relação negocial, mediada por um contrato educacional, em que instituição de ensino e o responsável legal pelo estudante pactuam direitos e deveres. Esse contrato deve ser rigorosamente cumprido e as famílias devem se manter vigilantes diante das muitas falsas promessas “vendidas” como boa educação.

No entanto, tratar o estudante como mero cliente é rebaixar a educação a um produto pronto, disponível para ser vendido e até com certa garantia de fábrica (a promessa de levar à aprovação no Enem não seria uma dessas garantias ?). Essa compreensão distorcida de educação, obcecada em indicadores estatísticos e demasiado preocupada em entregar um determinado produto final é uma falácia.

A verdadeira educação, honesta e transparente, sabe que o ser humano é uma rede complexa de relações, interiores e exteriores. Educar é uma entrega existencial, assumida como compromisso de levar a pessoa ao melhor que ela pode ser. Cada um tem o seu modo de ser melhor. Não há uma receita pronta de sucesso. Quem a vende, tratando a educação como mero negócio e o estudante como cliente, está vendendo uma ilusão.

Flávio Luís Rodrigues Sousa

Prof. Flávio Luís Rodrigues Sousa, doutor em Filosofia e Teologia, Diretor do Colégio Marista Palmas, membro do Conselho Estadual de Educação do Estado do Tocantins.