A Secretaria de Estado da Saúde realiza a partir desta terça-feira, 31, a Capacitação em Vigilância Epidemiológica do Tracoma e Saúde Ocular no Nível de Atenção Primária para técnicos de 15 municípios do Tocantins, em Gurupi. A capacitação segue até o dia 3 de junho.
Na oficina serão abordados o protocolo e outras orientações para implementação da vigilância do tracoma através de exames oculares externos em crianças matriculadas de 1º a 5º ano do ensino fundamental de escolas públicas, assim como esclarecimentos sobre o tratamento e encaminhamento de outras patologias oculares. Eles também serão capacitados a realizar o teste de acuidade visual, um dos componentes priorizados pelo Programa Saúde na Escola (PSE).
Um técnico da Secretaria de Saúde do Estado do Acre também participa da oficina para se capacitar para a implementação do programa de vigilância do tracoma no seu Estado de origem. “No momento eles não realizam ações de vigilância voltadas para o tracoma em razão da rotatividade do corpo técnico do Acre”, explica a enfermeira e assessora técnica da Vigilância do Tracoma e do Ministério da Saúde, Neusa Bernardes.
Os municípios tocantinenses que participam da oficina são: Alvorada, Cariri, Crixás, Formoso do Araguaia, Figueirópolis, Gurupi, Palmeirópolis, Juarina, Peixe, Sandolândia, Santa Rita do TO, São Salvador, Sucupira Talismã e Novo Alegre e o estado do Acre.
Exames oculares
Crianças com idade entre cinco a 11 anos são o grupo priorizado pelo Ministério da Saúde para realização dos exames externos para identificação do tracoma. A assessora técnica Neusa Bernardes ressalta que esta faixa etária de crianças em idade escolar é priorizada em razão delas estarem mais predispostas a contraírem tracoma, isto é, da forma transmissível do tracoma.
“O tracoma ocorre mais em crianças da faixa etária de um a nove anos, como há muitos municípios que não têm estrutura de creche é preferível fazer essa triagem em crianças já escolarizadas. O que facilita, inclusive, a operacionalização do programa para localização da doença”, explica.
O Programa Estadual de Vigilância do Tracoma tem como objetivo colaborar para o alcance da meta nacional de eliminação do tracoma até 2020, conforme pactuação firmada pelo Ministério da Saúde com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Inquérito
Dados preliminares de um projeto-piloto para o qual o Tocantins foi selecionado para realização de uma pesquisa de investigação do tracoma, demonstram que o Tocantins teve 2,1% de taxa geral de detecção do tracoma, percentual considerável baixo em razão de a taxa de detecção considerada tolerável é menor ou igual a 4,9%. “Apesar de o Estado do Tocantins não ter taxa de prevalência alta, pelos trabalhos realizados desde 1976, precisamos manter as ações de vigilância para identificação de mais casos, interrupção do ciclo de transmissão e, assim, alcançarmos a eliminação da doença e prevenir as formas graves da doença, podendo chegar a cegueira”, acrescenta Neusa Bernardes.
Apenas alguns setores censitários de três municípios (Araguacema, Barra do Ouro e Goiatins) tiveram taxa de detecção superior a 10%, percentual considerado alarmante. O inquérito foi realizado por técnicos da Secretaria de Estado da Saúde, 48 municípios do Tocantins e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em 2015. “Acima de 10% já é indício de que pode haver indivíduos com sequelas em decorrência do tracoma”, completa a enfermeira.
Tracoma
O tracoma é uma doença infecciosa provocada por uma bactéria e que causa uma inflamação que produz cicatrizes no tecido conjuntivo da pálpebra. Os principais sintomas do tracoma são lacrimejamento, sensação de corpo estranho, fotofobia discreta e coceira nos olhos.
Para prevenção da doença recomenda-se lavar as mãos frequentemente, não compartilhar objetos pessoas, especialmente travesseiros, e lavar o rosto com sabão, a medicação é gratuita.