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Saúde

Medicamento contra hanseníase pode ser obtido em qualquer unidade básica de saúde do Estado

Medicamento contra hanseníase pode ser obtido em qualquer unidade básica de saúde do Estado Foto: André Araújo

Foto: André Araújo Medicamento contra hanseníase pode ser obtido em qualquer unidade básica de saúde do Estado Medicamento contra hanseníase pode ser obtido em qualquer unidade básica de saúde do Estado

Aumentaram os registros de casos novos de hanseníase no Tocantins em 2016. Foram 1.273 notificações, número 47% superior aos 862 casos novos notificados em 2015. O aumento é comemorado pela Secretaria de Estado da Saúde que avalia o resultado como reflexo do empenho dos serviços de saúde na disseminação de informações sobre a doença e do incentivo ao diagnóstico precoce e tratamento gratuito, a exemplo do projeto-piloto desenvolvido pelos municípios de Araguaína e Colinas do Tocantins sob tutela da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e supervisão da Secretaria de Estado da Saúde. O projeto estimula a busca ativa baseada no levantamento de casos que já tiveram diagnóstico em 2015 e 2016 e os diagnosticados em 2017, além da avaliação dos contatos domiciliares, de vizinhança e sociais dos casos diagnosticados. A estratégia é fortalecer a busca ativa feita pelos agentes comunitários de saúde e demais profissionais de saúde para identificação de casos ainda sem tratamento e encaminhamento a um serviço público de saúde. 

Além disso, todos os serviços estaduais estão sendo orientados a disseminar em suas localidades mais informações sobre a doença e lembrar a população sobre a importância da detecção e tratamento precoce, em alusão ao domingo, 29, lembrado como o Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase. Na ocasião, prédios públicos e privados parceiros da Saúde também usarão iluminação externa em tom roxo em alusão à Campanha de Luta contra a Hanseníase. 

O objetivo da campanha é desmistificar a hanseníase. Segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Tocantins, Mariana Alpino, ainda há situações em que o paciente pode sentir certa resistência quando recebe diagnóstico. "Infelizmente a hanseníase é uma doença estigmatizante, muito devido ao seu passado onde não havia um tratamento eficiente e os pacientes eram retirados do convívio da sociedade. Por esse motivo alguns pacientes ainda sentem um pouco de constrangimento em buscar o remédio na unidade de saúde, mas é com informação que se gera esclarecimento”, explica a médica.

No consultório

É com a informação que o paciente passa a compreender que somente o tratamento garante a interrupção da transmissão do bacilo que causa a doença impedindo a contaminação dos contactantes. "Existe, sim, um risco de transmissão aos contatos do portador da hanseníase que não fazem tratamento e pode acontecer até mesmo no período de incubação da doença, que pode durar anos com poucos sintomas”, pondera Dra Mariana Alpino.

Ainda de acordo com a médica, é preciso atenção, pois a hanseníase pode apresentar diferentes sinais. “Desde manchas mais claras que o tom da pele, podendo ou não ter alteração da sensibilidade, ou manchas mais vermelhas e até mais altas do que a pele normal. A orelha pode ficar mais inchada. Pode ocorrer a queda do pelo da cauda da sobrancelha, nódulos nas pernas ou nos braços, diminuição da sensibilidade da região plantar e até dormência de algum membro, o que já é um sinal de alerta”, explica a médica.

Sobre o tratamento, a médica explica que é muito importante buscar orientação para avaliar possíveis reações e evitar interrupções. “O risco para quem abandona o tratamento é o de a doença continuar evoluindo e o paciente voltar a ser contaminante. Além disso, o bacilo pode se tornar mais resistente e, em longo prazo, não ser responsivo à medicação”, alerta. Nestes casos, a orientação é sempre conversar com o médico para avaliar reações que possam ocorrer ao longo do tratamento. “É importante lembrar que as reações podem ser passageiras sendo muito importante não abandonar o tratamento, pois ele é a única maneira de evitar que a doença evolua e que o paciente volte a ser contaminante”, completa a dermatologista.

Para os casos em que o diagnóstico aconteça tardiamente, a fisioterapeuta Suen Oliveira, assessora Técnica da Hanseníase, explica que a reabilitação pode auxiliar no tratamento, mas frisa a importância da atenção aos primeiros sinais da doença para que sejam evitadas sequelas irreversíveis, especialmente, em crianças e adolescentes. “A criança ainda tem a imunidade em formação e em contato com o portador da hanseníase sem tratamento ela pode adquirir o bacilo e tem ainda probabilidade de desenvolver mais rápido essa doença e desenvolver sequelas, assim como o adulto, mas que quando adquiridas na infância vão interferir em toda a fase produtiva da vida”, pondera a fisioterapeuta. Ainda segundo ela, as sequelas mais comuns são a mão em garra e o pé caído. “A mão em garra é quando a mão fica com os dedos em flexão se não for feito o tratamento precocemente e precisa ser submetida à correção cirúrgica. No caso dos membros inferiores a sequela mais comum é o pé caído, que é o pé que precisa ser arrastado no caminhar”, detalha Suen Oliveira.

Para as duas especialistas, a recomendação é ficar atento aos primeiros sinais de manchas ou alteração de sensibilidade na pele e procurar a unidade de saúde mais próxima para garantir o início do tratamento imediatamente e a interrupção do ciclo de transmissão da doença.