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Economia

Foto: Divulgação

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De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), enquanto  a média nacional de participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) dos estados é de 23%, no Estado do Tocantins esta participação representa 15,8%, ficando o Estado com a 19ª colocação no “ranking” das 27 unidades da Federação. Para a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins (Fieto), este é um indicativo de que existe “um enorme espaço de crescimento para a indústria” no Estado, entretanto, para a entidade, a elevada carga tributária e o alto custo da energia são os principais obstáculos ao crescimento do setor industrial no Tocantins.

Para o presidente da Fieto, empresário Roberto Magno Martins Pires, para que o crescimento da indústria aconteça no Tocantins, "é necessário um esforço oficial de natureza fiscal, creditício e regulatório que coloque a indústria como uma das suas prioridades”, defendeu.

Pesquisa de Sondagem Industrial do último trimestre do ano passado, realizada pela entidade aponta que a atividade industrial se manteve em queda, tanto na evolução da produção quanto no número de empregados. Da mesma forma, os indicadores referentes aos lucros e situação financeira, também em baixa, indicam insatisfação por parte dos empresários. Assim como o alto custo de energia ou a falta da mesma, a competição desleal e a inadimplência dos clientes se destacam entre os principais problemas enfrentados pelo setor industrial.

“O reflexo na indústria é a dificuldade para produzir, para cumprir compromissos com a folha de pagamento e dos fornecedores, além das obrigações financeiras e tributárias. Para a superação, é necessário o reequilíbrio fiscal com redução gradual do déficit e um aumento do controle das contas públicas”, defende Roberto Pires. Segundo ele, a aprovação da proposta de emenda constitucional - PEC que impõe um limite no gasto público, aprovada ao final do ano passado, foi um avanço, mas que precisa ser seguido pela Reforma da Previdência e, depois, pela modernização das relações trabalhistas. “Outro ponto emergencial é a recuperação das empresas que tiveram sua “saúde” comprometida pela combinação de recessão, juros altos e baixo acesso ao crédito e um programa que possibilite a reorganização das dívidas tributárias para normalizar suas relações com o Fisco. Estas medidas formam uma pauta mínima para que a economia volte a crescer e a indústria possa retomar seu papel de criar renda e emprego”, argumentou.

Otimismo

Apensar dos indicadores negativos, a pesquisa também aponta para uma expectativa otimista dos empresários, que acreditam na ampliação da demanda por seus produtos, no aumento na aquisição de matérias-primas e da quantidade exportada em relação aos próximos seis meses.  Por outro lado, se mostram cautelosos quanto a novas contratações e na intenção de investimentos.

“A indústria sabe o que quer. Ela tem o desejo e a disposição de crescer e aumentar sua competitividade e tem trabalhado nesse sentido. Mas é preciso que o Estado faça sua parte”, disse o presidente da Federação.

Indústria no Tocantins

De acordo com a CNI, o PIB industrial do Tocantins é de R$ 3,8 bilhões (dados de 2014), equivalente a 0,3% da indústria nacional. O setor emprega 33.595 trabalhadores. A construção civil é o setor industrial que lidera o ranking, representando 42% da indústria do Estado. Em seguida, vem o setor de serviços industriais de utilidade pública (25,2%), alimentos (13,1%), minerais não metálicos (6,9%) e derivados de petróleo e biocombustíveis (4,8%). Juntos, os cinco setores representam 92,0% da indústria do Estado.

Ainda conforme a CNI, o Tocantins contabiliza (2015) um total de 2.410 empresas industriais. Destas, 75,4% são microempresas; 20% são pequenas empresas, 4% são médias empresas e apenas 0,6% grandes empresas. Quanto à geração de empregos, as microempresas aqui presentes são responsáveis por 17,4% das contratações do setor; as pequenas empresas, por 28,4%; as médias empresas, 28,6%; e as grandes empresas, 25,7%.

Perspectivas

Para a Fieto, o desenvolvimento do setor industrial passa, necessariamente,  pelo estímulo à agroindústria. “A indústria de transformação está em crescimento, mas ainda está muito aquém de sua potencialidade, especialmente, no que concerne ao processamento do insumo agropecuário, através da agroindústria. Seu segmento principal é a fabricação de produtos alimentícios que, por um lado, tem condições excepcionais de desenvolvimento no estado e, por outro, atende a uma demanda que é mundial e crescente”, destacou Pires.

Segundo ele, mais que uma tendência, a agroindústria é “uma vocação” do Tocantins. “É difícil conceber um modelo estadual de desenvolvimento industrial que não contemple políticas específicas de estímulo à agroindústria. Essa é a visão da Fieto para o futuro da nossa indústria”, finalizou.