O número de casos confirmados de febre amarela em Minas Gerais subiu para 109, segundo boletim epidemiológico divulgado nessa segunda-feira, 30, pela Secretaria de Saúde do Estado. O total de mortes confirmadas pela doença em Minas já chega a 40. Uma das vítimas provavelmente foi infectada no município de Januária, no norte do Estado, mas foi diagnosticada e morreu no Distrito Federal.
Ao todo, o Estado registrou 712 notificações de suspeitas de febre amarela, em 51 municípios. Além dos 109 confirmados, 19 casos foram descartados. Os demais seguem em análise. Setenta mortes que podem ter sido causadas pela febre amarela também estão sendo investigadas.
São Paulo e Espírito Santo também têm mortes por febre amarela, com três e um caso, respectivamente. Este já é o maior surto de febre amarela no Brasil desde 1980, quando o Ministério da Saúde passou a disponibilizar dados da série histórica. Até então, o ano com o quadro mais grave havia sido 2000, com 85 casos confirmados e 40 mortes.
Em Minas, o município com a situação mais alarmante é Ladainha, onde 10 mortes por febre amarela foram confirmadas. A cidade tem, ao todo, 19 casos confirmados e 86 em análise. Caratinga, na região do Vale do Rio Doce, também preocupa as autoridades estaduais de saúde. Embora não tenha nenhuma morte por febre amarela, já são 13 casos da doença confirmados e outros 92 em análise.
Reforço
O governo de Minas anunciou diversas medidas para combater o surto de febre amarela no estado desde que os casos suspeitos começaram a aumentar. No início do mês, o governador Fernando Pimentel anunciou um investimento de R milhões para o combate da doença, além de decretar situação de emergência em saúde pública numa área de abrangência que inclui 152 municípios. A medida permite agilizar processos administrativos para aquisição de insumos e contratação de serviços e funcionários temporários.
A principal ação de enfrentamento à doença é a vacinação da população. O imunizante é oferecido gratuitamente nos postos de saúde por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). A aplicação ocorre em dose única, devendo ser reforçada após dez anos. No caso de crianças, o Ministério da Saúde recomenda uma dose aos nove meses e um reforço aos 4 anos.
Até agora, 3,33 milhões de doses da vacina foram distribuídas em todo o estado e 1,55 milhão de pessoas foram vacinadas, a maioria nos municípios afetados pelo surto. Nestas cidades, o horário de funcionamento das unidades de saúde para vacinação foi ampliado, com atendimento inclusive nos finais de semana.
Causada por um vírus da família Flaviviridae, a febre amarela é uma doença de surtos que atinge, repentinamente, grupos de macacos e humanos. A doença é transmitida em áreas rurais e silvestres pelo mosquito Haemagogus. Em áreas urbanas, o vetor é o Aedes aegypti, o mesmo da dengue, zika e chikungunya. No entanto, não há registros no Brasil de transmissão da febre amarela em áreas urbanos desde 1942. (EBC)