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Engenheira ambiental Hellen Flávia

Engenheira ambiental Hellen Flávia Foto: Aldemar Ribeiro

Foto: Aldemar Ribeiro Engenheira ambiental Hellen Flávia Engenheira ambiental Hellen Flávia

A vida parecia perfeita para a engenheira ambiental Hellen Flávia. Trabalhando como inspetora de Recursos Naturais no Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), concursada, vida estabilizada e no auge da carreira, ela já se considerava privilegiada por tantas conquistas profissionais. Aos 27 anos, rodeada de amigos, morando sozinha, mas com família próxima, tudo parecia estar dentro da normalidade. Mas não estava. “Eu chegava à porta do trabalho e sentia uma angústia tão grande que me dava vontade de chorar. E às vezes eu chorava mesmo”, afirmou.

Foi quando, por intermédio do programa Voluntariado pela Natureza do Parque Estadual do Jalapão (PVN/PEJ), ela pode conhecer a força impulsora dos fervedouros, a grandiosidade da Cachoeira da Velha e a sensação indescritível de presenciar o pôr do sol nas dunas. Voltando para casa, ela estava decidida a mudar. “A experiência foi tão intensa que quando eu cheguei, a primeira coisa que fiz foi pedir minha remoção. Vendi minhas coisas, deixei meu carro com meu pai e parti, levando na mala apenas as roupas e a vontade de realizar um belo trabalho na minha área”, afirmou. O Programa, que é do Naturatins, seleciona interessados em participar das atividades de educação ambiental no Parque, um dos principais destinos de ecoturismo do País.

Ao desembarcar em Mateiros, cidade a 303 quilômetros de Palmas, a engenheira ambiental começou a trabalhar na região que é considerada uma das maiores belezas naturais brasileiras, passando a conviver com araras, lobos guarás, seriemas, mas também aprendendo e desfrutando da cordialidade e gentileza do povo jalapoeiro, nativo da região. Além disso, ela pode fez amizades com turistas estrangeiros e de diversas regiões do País, além de vivenciar situações ímpares como sobrevoar as dunas dentro de um balão de ar quente, fazer rafting no Rio Sono e assistir o nascer do sol na Serra do Espírito Santo. “O momento mais importante foi quando minha família veio passar o natal comigo no Jalapão, porque eu pude mostrar para meus pais e irmãos as belezas daqui, agora como uma pessoa local, que conhece a região”, ressaltou.

Desafios

Com as experiências adquiridas durante um ano de trabalho no Parque, ela afirma que pode aplicar os conhecimentos adquiridos durante os anos de faculdade. “Cada dia é uma experiência nova. Aqui a gente tem a oportunidade de ir além das nossas funções. Isso é muito bom. Até o medo de dirigir em estradas vicinais eu perdi. Considero-me uma privilegiada”, afirmou. Sobre os momentos de solidão vividos longe da família e dos amigos, ela afirma que compensa com momentos contemplativos. “Hoje em dia a internet diminui a ausência. Também estou aproveitando para escrever relatos sobre esta nova fase da vida e crescendo cada dia mais na minha profissão”, ressaltou.

Reforço Curricular

Para o engenheiro florestal Lucas Pazoliny Barros Benício, que se graduou em 2015, no auge da crise financeira do País, as vagas de trabalho estavam escassas. Com isso, ele foi atrás de atividades voluntárias que pudessem turbinar seu curriculum. “Um dia eu olhei no Facebook do Governo do Estado e vi que o Naturatins selecionava voluntários para atuar no Parque. Corri para me inscrever. A experiência foi tão legal que retornei pela segunda vez no ano passado e fiquei 19 dias no Jalapão”, afirmou. De acordo com o engenheiro, que também é técnico em Meio Ambiente, além das atividades de informação aos turistas, ele pode atuar no combate às queimadas que assolam o cerrado tocantinense, nas ações do Manejo Integrado do Fogo (MIF) e em recuperação de áreas degradadas. “Pude colocar em prática os conhecimentos que adquiri na faculdade e hoje me sinto um profissional mais preparado para o mercado de trabalho. Mas quero voltar ao Jalapão mais vezes e se possível, como voluntário”, afirmou.

Aprendizados

Estudante de Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), o voluntário Marcos Paulo de Almeida Alves ficou sabendo da oportunidade de conhecer o Jalapão e ainda pôr em prática os conhecimentos adquiridos durante uma aula de manejo e gestão de Unidades de Conservação. Com a ficha de inscrição devidamente encaminhada, ele participou de uma entrevista prévia e nos dias de carnaval deste ano, ele deixou as festas de lado e partiu, juntamente com outros quatro voluntários, em direção ao Parque. “Minha atividade era de informar e ajudar na fiscalização dos turistas no acesso às dunas, como também verificar a capacidade de carga, que é a quantidade de pessoas que podem entrar nos fervedouros de uma só vez. Foi muito bom, porque além de conhecer todos os atrativos, adquirimos conhecimentos e um olhar mais crítico sobre o uso dos atrativos turísticos do Jalapão”.

A pedagoga e acadêmica de Enfermagem, Ana Léa Soares Conceição, já havia sido voluntária nos Jogos Mundiais Indígenas e também nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Natural de Tocantinópolis e moradora na Capital há 27 anos, ela começou a pesquisar alguma atividade voluntária em que ocupasse o tempo durante os dias do carnaval. “Foi aí que eu achei o link do Naturatins e já corri para me inscrever. No trabalho, fiz banco de horas para garantir minha viagem”, afirmou. De acordo com Ana Léa, a experiência no Jalapão foi renovadora, mais interessante inclusive que os Jogos Olímpicos. “Fiquei impressionada com o trabalho dos técnicos do Naturatins, além das belezas do Jalapão, tive contato com muitos turistas. Essa foi a melhor experiência que tive como voluntária. Agora quero ir para o Cantão e para outros lugares em que possa estar em contato com a natureza”, afirmou.

Inscrições

Para participar dos trabalhos voluntários no Parque Estadual do Jalapão, os interessados devem acessar o link http://naturatins.to.gov.br/protocolo-e-servicos/biodiversidade-e-reas-protegidas/programa-voluntario-pela-natureza-naturatins/ e preencher uma ficha de inscrição. Podem participar voluntários de qualquer nível de escolaridade, desde que sejam maiores de 18 anos. Durante o período, o voluntário recebe o deslocamento de Palmas a Mateiros, além de alojamento, sendo que as refeições devem ser custeadas pelo voluntário ou rateadas em grupo, sendo que a estrutura receptiva do Parque conta com cozinha montada. Interessados de outros municípios tocantinenses e de estados também podem participar da atividade, desde que custeiem o deslocamento até a Capital, Palmas.