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Estado

Depois de muitas tentativas por parte da Comissão dos Aprovados no Concurso da Polícia Civil, o secretário de Segurança Pública, César Simoni, garantiu, em reunião com os aprovados, na última semana, que o Estado vai nomear, até o final deste ano, todos os remanescentes do certame.

De acordo com o gestor, poderá haver mais duas fases de convocações em 2017, e que ao fim do ano, os candidatos que fizeram o curso de formação e estão aptos a integrar o quadro da Polícia Civil deverão estar trabalhando. Possivelmente a convocação irá incluir também os candidatos do cadastro reserva.

“Conforme a nossa conversa, há a possibilidade de uma próxima turma tomar posse no mês de setembro e os demais no decorrer dos três meses posteriores, ou seja, até dezembro. Estamos esperançosos, mas vamos continuar cobrando. Esse retorno do Estado só vem após muita cobrança dos aprovados”, informa o candidato aprovado para o cargo de perito Diêverson Reis, que integra a comissão e esteve presente na reunião.  

Porém, apesar dos encontros, reuniões e promessas informais, o governo não apresentou um cronograma oficial para nomeação dos 261 aprovados remanescentes. Os candidatos representam mais da metade do número de candidatos considerados aptos para exercer os cargos exigidos no edital do certame realizado ainda em 2014.

Nesta primeira etapa só tomam posse 53 candidatos para os cargos de Delegado de Polícia Civil, 44 Agentes, 63 Escrivães de Polícia, 14 Papiloscopistas, 26 Agentes de Necrotomia, 13 Médicos Legistas e 35 Peritos. O que significa que o déficit na Polícia Civil do Tocantins vai continuar.

Conforme levantamento feito pela Comissão dos Aprovados, mesmo com a ocupação desses novos profissionais nos cargos, a Polícia Civil continua com uma carência de 937 policiais, ou seja, 39%, do número necessário para trabalhar em prol da Segurança Pública no Estado.

Um exemplo são os peritos, que desenvolvem um serviço essencial para conclusão do inquérito policial, colaborando na elucidação da autoria e materialidade dos crimes relatados à Polícia Civil. Atualmente, o quantitativo de profissionais responsáveis pela perícia criminal hoje no Tocantins é quase 50% a menos do que o ideal recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A orientação da ONU é de que haja um perito para cada cinco mil habitantes, o que não é a realidade no Tocantins. Palmas é o único município do Estado em que a recomendação da ONU é respeitada (são 68 peritos que trabalham em cinco municípios, o que corresponde a 4.348 peritos por habitantes), mas no interior do Estado, por exemplo, a falta de policiais peritos é preocupante.

No caso do Núcleo de Perícia do Interior da cidade de Araguaína, por exemplo, a relação de habitantes por cada perito chega a 23.541. São 12 profissionais trabalhando em uma área de 29.238,60 km² que abrange 15 municípios, o que corresponde a uma população estimada de 282.486 habitantes ao todo.

Mobilizados, os candidatos que ainda aguardam a nomeação não pretendem enfraquecer na cobrança ao governo. Após a instalação de outdoors salientando o aumento da criminalidade e o déficit de profissionais da área da Segurança Pública por toda a cidade, no fim do mês de maior a comissão dos peritos aprovados no concurso se reuniu com o deputado estadual Cleiton Cardoso na Assembleia Legislativa (AL) para apresentar ao parlamentar um relatório com dados que revelam a importância da convocação imediata, por parte do governo estadual, do restante dos aprovados.

“Nos empenhamos e fizemos nossa parte. Estudamos, nos preparamos para o teste físico, fizemos o curso de formação e fomos aprovados em tudo. Estamos prontos e aptos para começar a trabalhar em prol da segurança pública do Tocantins. Agora o governo precisa fazer a sua parte e convocar todos os aprovados, honrando sua palavra não apenas conosco, mas com a população do Estado que não aguenta mais tamanha violência e criminalidade”, comenta o aprovado para o cargo de perito Gaio Caculakis.

Uma prova que a violência no Tocantins vem assustando a população é o susto que a população de Gurupi sofreu na noite do último domingo, bandidos aterrorizaram os moradores. Criminosos invadiram a cidade, explodiram a agência do Banco do Brasil, fizeram alguns cidadãos de reféns, incendiaram carros e motocicletas e ainda saíram disparando tiros e quebrando vidraças.

Nas redes sociais a população da cidade compartilhou o pânico e o temor dos moradores através de vídeos e áudios com relatos da situação. “O cidadão não aguenta mais tanta violência, não aguenta mais sentir medo. Sabemos que o trabalho da polícia, investigando e reprimindo estas ações, vai minimizar isso. Mas isso é impossível sem contingente policial. O governo precisa convocar os aprovados. Temos preparo e queremos trabalhar. O povo tocantinense não aguenta mais sofrer”, argumenta Gaio.