Equipes das Unidades de Terapia Intensiva Neonatal de dois hospitais de Palmas/TO adotaram há pouco mais de dois meses uma técnica simples para auxiliar o desenvolvimento dos bebês prematuros. As crianças que nasceram antes do tempo são colocadas em pequenas redes de balanço dentro das incubadoras. A iniciativa busca melhorar e humanizar o atendimento às crianças e tem apresentado resultados positivos no desenvolvimento dos pequenos pacientes.
A novidade já é utilizada em hospitais pelo País afora, e no Tocantins as redinhas de balanço beneficiam recém nascidos no Hospital e Maternidade Dona Regina e no IOP. Conforme a supervisora da equipe de Fisioterapia de UTIs da Intensicare, Dayane Gama, as redes nas incubadoras da UTI neonatal assemelham-se à posição intrauterina.
“Nós começamos a utilizar a rede de balanço dentro da incubadora como método que ajuda a melhorar a recuperação dos recém nascidos prematuros. É uma técnica que visa a humanização dentro da UTI Neonatal, porque ela ajuda a aumentar o vínculo entre os pais e melhora a qualidade de assistência ao bebezinho. O Estado pioneiro a utilizar esta técnica é Pernambuco e nós trouxemos essa novidade para cá. Essa ação visa simular o útero materno, pelo balanço, o que acaba causando vários estímulos no bebê. Estímulos táteis, sensoriais, motores, e acaba ajudando no desenvolvimento neuropsicomotor da criança”, explica Dayane.
Ainda segundo a fisioterapeuta, a técnica é um complemento às terapias tradicionais, “mas que também traz benefícios tanto para o bebê quanto para as famílias, reduz o estresse da criança, proporciona estabilidade clínica, e principalmente melhora o vínculo com os pais, já que ao nascer prematuro esse vínculo entre mãe e filho é interrompido precocemente e aí nós tentamos aproximá-los”, revela.
As redinhas de balanço receberam grande aceitação das mães e a maioria dos pacientes já está sendo atendida com a novidade. “Ao ver o bebê dormindo dentro da rede na incubadora, a mãe sente que seu filho está bem cuidado, está feliz. A maioria das mães não pode ficar o tempo todo dentro da UTI, elas tem outros filhos, tem que ir em casa, tem que descansar, moram longe. E na redinha ela vê que seu bebê está aconchegado e o bebê também vivencia essa sensação de estar no colinho, no útero materno”, conta Dayane.
Além de proporcionar estimulação ao bebê, promovendo uma integração sensorial, a redinha é sugerida como uma técnica segura para crianças que necessitem ficar durante tempo prolongado internados. “As mães ficam genuinamente felizes em perceber que o filho está calmo e tranquilo na incubadora e isso resulta em inúmeros benefícios para a família e para os pacientes”, finaliza a fisioterapeuta da Intensicare.
Prematuros
São considerados bebês prematuros os nascidos com menos de 37 semanas completas e prematuros extremos o que nascem com menos de 28 semanas completas. Conforme levantamento da Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o 10º país do mundo com maior número de nascimentos prematuros – em 2010 foram cerca de 280 mil. A pesquisa “Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre parto e nascimento”, de 2016, divulgada na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), revelou que a taxa de prematuridade brasileira (11,5%) é quase duas vezes superior à observada nos países europeus, sendo 74% desses prematuros tardios (34 a 36 semanas gestacionais). O Nascer no Brasil é um inquérito nacional de base hospitalar, realizado em 191 municípios, com 23.894 mulheres entrevistadas.