O serviço de reconstrução facial do Hospital Geral de Palmas (HGP) vem mudando a vida de crianças e adultos no Tocantins. Por meio do serviço, já foram realizadas 101 cirurgias e cerca de 1.343 atendimentos. Para fortalecer ainda mais esta área, que conta com equipe multiprofissional composta com médico, ortodontista, odontólogo e fisioterapeuta, o HGP firmou parceria com a Smile Train, uma instituição internacional sem fins lucrativos que tem uma abordagem sustentável para as pessoas que sofrem com fissura lábio-palatina, também conhecida como lábio leporino ou fenda lábio-palatina, que é uma abertura que pode ocorrer somente no lábio, no céu da boca, chamado palato, ou nos dois locais.
A diretora da Smile Train na América do Sul, Mariane Goes, visitou o HGP e conheceu a estrutura do centro cirúrgico, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica, os novos leitos, além da equipe que atua no serviço. Segundo ela, o intuito da organização não governamental (ONG) é que os médicos cirurgiões locais tenham ainda mais apoio para operar as crianças. “Nosso lema é “Ensine o homem a pescar”. Para isso, primeiramente, a Ong visita o hospital que realiza este tratamento para ter certeza da segurança e os profissionais capacitados para realizar a cirurgia. Nossa proposta de parceria é oferecer um aporte financeiro, por cirurgia, para compra de material e capacitação da equipe”, explicou.
Segundo o cirurgião plástico e especialista na área de fissura labiopalatina do HGP, Jonas Lima, a parceria representa um marco para os profissionais que trabalham no serviço de reconstrução facial e, principalmente, para os pacientes. “O Estado já tem ajudado o serviço, mas outras ajudas são sempre muito bem-vindas”, destacou.
A fisioterapeuta Talita Brunes salienta que o setor de Fisioterapia do Serviço de Reconstrução Crânio Facial do HGP atua em conjunto com a equipe multidisciplinar no ambulatório e na unidade de internação. “Nós realizamos terapia respiratória para melhora do quadro clínico e condição cirúrgica dos pacientes. Diversas são as técnicas de fisioterapia respiratória utilizadas, sendo necessária uma modificação ou adaptação para melhor atendimento do paciente fissurado”, afirmou.
O diretor geral do HGP, Daniel Hiramatsu, lembra que o hospital já beneficia crianças a adultos e esta parceria só vem a somar. “É de suma importância, pois irá auxiliar na estruturação de um serviço com cada vez mais qualidade e beneficiará ainda mais aos pacientes”, afirmou.
Como funciona o tratamento?
Os pacientes que necessitam do procedimento cirúrgico são encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ao Serviço de Regulação do Estado, que organiza o fluxo no HGP. A primeira cirurgia realizada é a cirurgia do lábio e normalmente a criança deve ter entre três e seis meses.
Além do procedimento cirúrgico o hospital também oferece o processo de reabilitação, que conta com auxílio da equipe multiprofissional composta por cirurgião plástico, cirurgião buxomaxilofacial, cirurgião dentista, implantodentista, ortodentista, fisioterapeuta, fonoaudiologista.
O cirurgião plástico, Jonas Lima, lembra que o tratamento do paciente inicia desde o nascimento. “O bebê que nasce com fissura pode ter condições normais como qualquer outra criança e se tiver um atendimento adequado no nascimento, vai ter capacidade de sucção e terá o aleitamento materno, desde que não tenha outros problemas de saúde, como alguma síndrome associada a fissura”, afirmou.
O especialista lembra ainda que a ultrassonografia possibilita o diagnóstico ainda na gestação. Nessa fase, os pais devem receber informações sobre as possibilidades de tratamento e deve ser aguardado o nascimento da criança.
Pacientes atendidos
Moradora de Araguatins, Karoline Almeida Rocha foi uma das beneficiadas com o atendimento do HGP. “Aqui fiz a cirurgia na gengiva e consegui melhoria na minha fala, pois tinha dificuldade. Os profissionais atendem com amor e carinho e hoje me sinto mais feliz”, disse.
Maria Marlene Barros Rocha, que acompanha a neta Karoline em retorno ao HGP, lembra que a neta sofria com as dificuldades. “Foi uma benção ter este serviço aqui no HGP. Antes, minha neta era muito triste e agora estou feliz por ela”, disse, emocionada.
A moradora de Araguaína, Jéssica Eloy da Silva, também trouxe a filha para a consulta após a cirurgia e fez questão de destacar a qualidade do atendimento. “Os profissionais são atenciosos com minha filha e tive total apoio antes, durante e depois da cirurgia, que foi realizada com sucesso. Me auxiliaram com orientações que foram essenciais na rotina com ela”, contou.
Smile Train
A ONG trabalha somente com fissura labiopalatina e no Brasil tem atuação em 36 centros de saúde. “Nossa sede fica em Nova York e já temos 15 anos de criação com atuação em mais de 85 países”, informou a diretora da Smile Train na América do Sul, Mariane Goes.
No Brasil, a instituição já firmou parceira nos Estados do Acre, Amazonas, Pará, Matogrosso, Goiás, Distrito Federal, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.